Brasília O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da CPI do Apagão Aéreo no Senado, disse ontem que a própria Aeronáutica reconhece que houve falhas dos controladores de vôo no acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, no ano passado, que deixou 154 mortos.
Segundo o relator, os depoimentos do chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, e do presidente da comissão de investigação do acidente com o vôo 1907 da Gol, coronel Rufino Antônio da Silva Ferreira, comprovam que os controladores tiveram participação no acidente.
"Eu não tenho mais dúvidas de que as falhas foram humanas, tanto dos controladores quanto dos pilotos do Legacy. Também na opinião da Aeronáutica houve essas falhas", afirmou o senador.
Os controladores, que segunda-feira prestaram depoimento à CPI, afirmaram que o sistema de controle de vôo tem falhas que podem ter contribuído para a ocorrência do acidente.
Rufino e Kersul negaram as eventuais falhas nos depoimentos à CPI nesta manhã.
Segundo o brigadeiro, "todas as ferramentas necessárias para o controle de tráfego aéreo estavam à disposição (dos controladores)" no dia do acidente. O brigadeiro reconheceu que o sistema não pode ser considerado "exemplar", uma vez que é "confiável, mas não infalível".
Segundo Kersul, os controladores não podem ser responsabilizados integralmente pelo acidente. "Não podemos misturar o joio com o trigo. Não podemos condenar a classe", afirmou.
Infraero
O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu duas licitações abertas pela Infraero estatal que administra os aeroportos para contratar uma empresa que daria apoio técnico na elaboração e fiscalização de projetos e orçamentos.
A Infraero já está sendo investigada pela Controladoria Geral da União (CGU), que abriu sindicância para apurar a participação de dirigentes da estatal em supostas irregularidades.
Um dos casos investigados foi a compra de um programa de computador que iria gerenciar a comercialização de espaços publicitários nos aeroportos. A pedido da CGU, a Infraero afastou há duas semanas o assessor da presidência Tércio Ivan de Barros e mais cinco funcionários.


