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Crise aérea

Afonso Pena é subutilizado, diz Jobim

Ministro afirma que terminal opera com 26% da capacidade. Infraero aponta saturamento

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(Foto: Divulgação)

Brasília – O Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, opera atualmente com apenas 26% da disponibilidade horária para pousos e decolagens. Os dados foram divulgados ontem pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante depoimento à CPI do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados. As informações justificariam o uso do local como um centro de distribuição de vôos para o Sul do Brasil, dentro do plano para desafogar Congonhas.

De acordo com os números, a pista tem capacidade para 1.008 pousos e decolagens por dia, mas só são realizados 259. Eles contrastam com um levantamento da Infraero, que mostra que o terminal de passageiros do aeroporto já ultrapassou a capacidade máxima. O órgão aponta que o espaço comporta 3,5 milhões de pessoas por ano, mas recebeu 32.234 passageiros a mais em 2006 – o suficiente para encher 180 Airbus A320.

Além de tratar assuntos nacionais, Jobim deu uma série de explicações sobre os planos para o Afonso Pena. Como declarou o presidente Lula em entrevista à Gazeta do Povo, na última sexta-feira, ele confirmou que as obras devem começar em dezembro. O pacote inicial consiste na ampliação da pista de pouso que passará dos 2.215 metros de comprimento atuais para 2.560 metros.

Os trabalhos incluem a implantação de pistas de manobras das aeronaves, balizamento luminoso e – um ponto considerado crítico pelo ministro – a macrodrenagem (construção de canais nas laterais da pista para evitar formação poças). "O problema da macrodrenagem é sério porque a precipitação é muito forte em Curitiba", justificou.

Os R$ 120 milhões para as obras já estão previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). "Mas estamos tentando mais", disse o ministro. Ele explicou que o projeto básico dos trabalhos já está pronto e que o licenciamento ambiental está em processo.

O problema é que, pelo cálculo da Infraero, as obras para ampliar a capacidade do terminal de passageiros só devem começar depois do término da pista – o que deve ocorrer em 3 anos e meio. "Não adianta construir se não há capacidade para mais gente, são obras que precisam andar juntas", disse o deputado federal do Paraná e membro da CPI, Rodrigo Rocha Loures.

Outra obra citada por Jobim como prioridade no planejamento do tráfego aéreo brasileiro para os próximos anos é a construção de um novo terminal de cargas no Afonso Pena. "Vamos tentar estabelecer um pólo para distribuição daquilo que vem do Porto de Paranaguá e permitir operações cargueiras com destino para os Estados Unidos e a Europa", afirmou.

Segundo o ministro, a intenção a curto prazo é segmentar o aeroporto para o transporte de cargas da Região Sul. "Hoje você tem que ir mais acima (em aeroportos mais ao Norte do país) e onera o frete", argumentou. O local seria também utilizado para o escoamento de produtos para o Paraguai.

Dados citados por ele mostram que o terminal de cargas do Afonso Pena teve um movimento de 23,1 mil toneladas no ano passado, o que corresponde a 80% da capacidade total. No atual formato, o espaço teria apenas mais 3 anos e meio de vida útil. "A saturação vai inibir o desenvolvimento de diversos setores industriais e mais, vai determinar um deslocamento dessa carga para outro setor."

As obras estão orçadas em R$ 10 milhões e levariam 18 meses para serem concluídas. Jobim afirmou que o projeto básico está em fase de licitação e que o licenciamento ambiental ainda está em análise. O terminal terá 5 mil metros quadrados.

Outro parlamentar paranaense na CPI, Gustavo Fruet (PSDB), disse que a iniciativa trará benefícios para a economia paranaense. "O bom do transporte de cargas é que ele vai aumentar a arrecadação do ICMS para o estado." O deputado, entretanto, frisou a necessidade de que a verba prevista seja realmente aplicada.

De acordo com levantamento do portal Contas Abertas, do orçamento de R$ 272 milhões previsto para o setor aéreo no ano passado, apenas 10% foi realmente aplicado. "Precisamos ficar em cima", afirmou Fruet.

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