Foz do Iguaçu Um agente penitenciário foi morto e outro ficou gravemente ferido durante rebelião na Cadeia Pública Laudemir Neves, em Foz do Iguaçu, iniciada por volta das 10 horas de ontem. Seis presos foram baleados e um deles morreu ontem à noite. Até as 22 horas, outras três pessoas estavam sendo mantidas como reféns dos rebelados, entre elas um terceiro agente penitenciário. No início da noite, os presos disseram aos policiais que só libertariam os reféns hoje pela manhã. A cadeia, que tem capacidade para 350 detentos, está superlotada com 778 presos.
Agentes do Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão (Tigre), juntamente com o delegado-chefe da Divisão Policial do Interior, Luiz Alberto Cartaxo Moura, vieram de Curitiba na tentativa de conter a rebelião. No início da noite, eles cercaram a cadeia com apoio de pelo menos 100 delegados e policiais civis, militares, federais e da Guarda Municipal. Revoltados, os presos queimavam colchões.
Simulação
Segundo a Polícia Civil, o tumulto começou quando um preso, simulando estar doente, foi levado à enfermaria da cadeia. Armado, o detento atirou nos agentes penitenciários Alcindo Desidério Jacinto, 31 anos, e César Matje (ex-sargento da PM), e seguiu para a cozinha na tentativa de chegar ao pátio e liderar uma fuga, mas não conseguiu. O agente Jacinto levou um tiro no tórax e morreu durante atendimento do Siate. Matje foi atingido com disparos na cabeça e até o início da noite estava internado em estado gravíssimo no Hospital Costa Cavalcanti.
Agentes da Polícia Civil e Militar foram chamados e, ao chegar à cadeia, trocaram tiros com os detentos. Durante a tarde, os líderes da rebelião exigiram a presença de um juiz e da imprensa para negociar a liberdade do agente Reginaldo Barbosa. O juiz da Vara de Execuções Penais, Marcelo Gobbo Dala Déa, compareceu à cadeia e iniciou as negociações. Segundo ele, a causa da rebelião foi a tentativa frustrada de fuga.
Durante a negociação, os líderes do motim negaram-se a soltar o agente penitenciário, que era mantido sob mira de revólver, mas acabaram libertando um preso ferido. Os rebelados, que estavam no segundo andar da cadeia, amarram trapos no detento e o empurraram pelas frestas da janela da cadeia. Policiais que estavam no lado de fora e a equipe do Siate fizeram o socorro, impedindo que o preso caísse de uma altura de aproximadamente três metros.
Mais tarde, os líderes solicitaram ao juiz a presença de um padre e de um representante dos Direitos Humanos. O pedido foi atendido e os presos resolveram liberar mais um detento refém pelas frestas da janela. A vítima ficou pendurada de cabeça para baixo por quase 10 minutos até ser resgatada e socorrida. Mais tarde, outros três presos reféns foram resgatados pela polícia pelo teto da cadeia.
Essa é a segunda rebelião de grande porte registrada neste ano na cadeia. No dia 14 de maio, presos se rebelaram numa onda de motins que atingiu quatro cidades do Paraná. Na segunda-feira, quatro agentes penitenciários também ficaram por horas como reféns de quatro presos na Penitenciária Estadual de Londrina. O motim foi contido sem feridos, com a promessa de que os detentos serão transferidos.



