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No terceiro dia do julgamento do ex-cirurgião plástico Farah Jorge Farah, o réu foi interrogado por quatro horas e meia no plenário do fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Ele é acusado de matar e esquartejar a ex-amante e paciente, Maria do Carmo Alves, na sua clínica em Santana (zona norte de São Paulo), em 2003.

O depoimento do réu iniciou às 9h15, mas foi interrompido por volta das 12h20, para que os jurados almoçassem, e retomado por volta das 13h30. O juiz Rodrigo Tellini permitiu que o ex-cirurgião contasse sua história, de como conheceu a vítima, o tipo de relação que teve com ela e o que ocorreu no dia do crime.

Farah contou detalhes de sua vida, relacionamento com os pais e com Maria do Carmo, porém afirmou que não se recordava das sequências dos fatos após a chegada de sua ex-amante na clínica, no dia do crime. Ele afirma ter matado a ex-amante, mas diz que fez em legítima defesa.

"Até hoje eu não tenho noção de ter cometido um crime. Eu agi de acordo com a lei. Eu agi em legítima defesa da minha vida e para proteger meu pai e minha mãe", afirmou Farah.

O ex-cirurgião contou que teve um relacionamento passageiro com Maria do Carmo e que, depois que terminarem, ela começou a perseguir tanto ele como seus pais. Durante sua fala, o réu disse que registrou vários boletins de ocorrência relatando as ações da ex-amante, que o impedia de trabalhar, ligando várias vezes para a clínica e o agredindo verbalmente.

Durante as perguntas da acusação, o promotor Eduardo André Luiz Bogado Cunha disse que tentaria com o interrogatório esclarecer detalhes dos fatos e da personalidade do réu. Cunha tentou mostrar aos jurados pontos contraditórios da fala do ex-cirurgião.

Entre eles, o fato de o zelador do prédio em que ele morava ter prestado depoimento dizendo que Farah telefonara, no dia do crime, para falar que Maria do Carmo passaria no apartamento dele e a entrada dela estava liberada. O réu, no entanto, afirmou que o fato relatado não acontecera naquele dia nem que a mulher que ele aguardava seria a vítima.

Em vários momentos do interrogatório, o réu tentou mostrar com relatos e histórias como é uma pessoa amorosa, preocupada com os familiares, de origem humilde e religioso.

"Ele é muito teatral, os próprios psiquiatras disseram isso. Ele se mostra uma pessoa simples frágil, mas a gente sabe que não é bem assim", afirmou o promotor. "Como ator, ele tinha domínio do palco. Aquilo ali era o palco", concluiu, ao se referir ao plenário.

Durante as perguntas da defesa, o advogado Odel Antun tentou rebater as críticas colocadas pela acusação, ressaltando a experiência de Farah na cirurgia bem como o fato de ele não ter sido condenado em nenhum processo referente sua conduta médica.

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