São Paulo - Doenças como infecções bacterianas e hepatite B podem ser transmitidas por meio de agulhas de acupuntura contaminadas, afirma um editorial do periódico científico British Medical Journal. Pesquisadores da Universidade de Hong Kong escreveram que, da década de 1970 até a atualidade, mais de 50 casos de infecção foram descritos no mundo de acordo com eles, isso seria apenas "a ponta de um iceberg".
Apesar de a acupuntura ser considerada menos invasiva do que as técnicas da medicina ocidental convencional, as agulhas são inseridas vários centímetros abaixo da pele, o que pode aumentar a possibilidade de micro-organismos patológicos serem transmitidos do ambiente para o paciente ou de uma pessoa a outra, no caso da reutilização de agulhas.
Wu Tu Hsing, diretor do centro de acupuntura do Hospital das Clínicas de São Paulo, afirma que mesmo agulhas estritamente individuais, quando reaproveitadas, aumentam o risco da ocorrência de infecções. "Há uma série de bactérias, como o Staphylococcus, que vivem naturalmente na pele. Se essas bactérias entrarem em contato com a agulha, que depois é guardada em um recipiente fechado, elas podem se proliferar nesse ambiente e, quando a agulha for introduzida de novo no paciente, levar a infecções'', afirma.
Os pesquisadores da Universidade de Hong Kong relatam que a maioria das infecções relacionadas à acupuntura são causadas por Staphylococcus. Nas décadas de 1970 e 1980, de 55% a 10% das infecções levaram à morte do paciente e 10% tiveram consequências graves, como paraplegia. Além das infecções bacterianas, pelo menos cinco surtos de hepatite B em diferentes partes do mundo foram associados à acupuntura. Nesses casos, o vírus foi transmitido de paciente a paciente, por agulhas reutilizadas.



