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Caso Rachel

“Ainda não consegui enterrar minha filha”

O brutal assassinato de Rachel Genofre completa dois anos sem que a polícia tenha descoberto o autor do crime. Corpo com sinais de abuso sexual foi encontrado dentro de uma mala na rodoviária de Curitiba

Maria Cristina, mãe de Rachel, diz queluto só acabará quando assassino for preso | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Maria Cristina, mãe de Rachel, diz queluto só acabará quando assassino for preso (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)
Flores no túmulo de Rachel Genofre, em Curitiba: crime sem solução |

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Flores no túmulo de Rachel Genofre, em Curitiba: crime sem solução

Novembro de 2008. Rachel Genofre, 9 anos, desaparece da saída do colégio, no caminho que costumava percorrer sozinha. Na mesma noite, ela é estuprada e morta. Dentro de uma mala, seu corpo é abandonado na rodoviária de Curitiba. Uma força tarefa policial é montada para solucionar o caso. Dois anos se passaram e o caso Rachel Genofre ainda é um enigma. As investigações levaram simplesmente a lugar nenhum. Sem o culpado atrás das grades, o luto, para a família, fica longe do fim. "Eu ainda não consegui ‘enterrar’ a minha filha", desabafa a mãe de Rachel, Maria Cristina Lobo de Oliveira. "Não consigo nem ir ao cemitério", diz. De acordo com a psicóloga e psicanalista, Vânia Mercer, responsável pelo Programa de Travessias, que estuda temas relacionados a perdas na vida, o processo normal de luto costuma durar cerca de dois anos. No caso Rachel, a tendência é que esse período seja mais extenso. "A Rachel ficou dias desaparecida, quando o corpo apareceu, o estado foi chocante. O fato de o autor não ter sido localizado é um agravante", explica. "Como o casal [os pais de Rachel] eram separados pode ter também ocorrido uma crise de responsabilidade", diz.

A mãe Maria Cristina afirma que ainda divide sua luta na tentativa de "achar o monstro" que matou sua filha e de dar um rumo na vida. "Continuo trabalhando, tentando me apegar às coisas do cotidiano, ao mesmo tempo, tento acompanhar as investigações de perto", conta.

Segundo a delegada responsável pelo inquérito, Vanessa Alice, uma equipe, composta por dois investigadores, trabalha exclusivamente, até hoje, na tentativa de solucionar o caso. Cerca de 60 suspeitos foram submetidos a exame de DNA. Todos deram negativo. "Há momentos de certeza, mas depois vem a decepção com o resultado do exame", comenta. "Mas o inquérito não está parado e eu não perdi as esperanças. Con­tinuamos investigando suspeitos que eram conhecidos da família. Temos duas possibilidades que estão sendo averiguadas", diz.

Segundo Vânia, manter-se ativo e não transformar o assunto "caso Rachel" em tabu é a melhor forma de se "elaborar o luto", ou seja, trabalhá-lo. E isso vale não só para os pais, mas para a comunidade. "O luto não é só dos pais. Tem o luto também dos colegas de Rachel, dos pais dos colegas. Eles também não elaboraram o luto ainda. Deixar de falar sobre o assunto, transformando-o em tabu, não resolve", explica.

Uma das maneiras de fazer isso, explica a especialista, é exigindo políticas públicas que protejam outras crianças. "A escola de onde ela desapareceu [Insti­tuto de Educação do Paraná] continua abandonada. Há um descaso do governo com a saída das crianças." Vânia sugere um trabalho sobre paz e solidariedade que envolvesse a comunidade escolar e orienta retrabalhar o sentimento de culpa e dá um alerta aos pais: "Dar autonomia pode pôr a criança em risco, mas deixá-la dependente também".

Serviço:

Um ato em homenagem a Rachel ocorre no próximo sábado, às 10 horas, na Boca Maldita. Em seguida, haverá uma caminhada até a Praça Rui Barbosa. Às 19h30, será celebrada uma missa na Igreja do Perpétuo Socorro.

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