
A Amazônia perdeu 265 quilômetros quadrados (km2) de floresta em agosto deste ano em conseqüência dos desmatamentos o equivalente a 60% do território de Curitiba. E o estado que mais contribuiu para esta situação foi o Amazonas, o único que de janeiro a agosto deste ano teve um aumento no porcentual de desmatamento de 26%, comparado ao mesmo período do ano passado. Os dados, que voltaram a confirmar uma tendência da queda no desmatamento na região, são do sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) e foram divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Ministério do Meio Ambiente. "O desmatamento é um crime ambiental que combateremos assim como também combatemos o crime tributário, porque quem faz isso, sonega, além de realizar outros crimes", afirma a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Os outros oito estados que fazem parte da Amazônia Legal tiveram uma redução significativa no porcentual de desmatamento. No Pará, houve redução de 53% da área desmatada de janeiro a agosto, passando de 1.275 km2 nos primeiros oito meses de 2009 para 599 km2 quadrados este ano. Apesar de ser o estado que em porcentual foi o segundo que mais preservou, em quilômetros quadrados totais ele ainda é o que mais desmata (veja tabela nesta página). Os outros estados que tiveram queda no desmatamento são Mato Grosso (40%), Rondônia (19%), Maranhão (38%), Roraima (39%), Acre (28%) e Tocantins (66%). No Amapá, não foi identificada nenhuma área de desmatamento de janeiro a agosto deste ano. No mesmo período de 2009, 4 km2 de mata foram devastados.
Na média geral dos estados, se analisado apenas o mês de agosto, houve uma queda no desmatamento de 47%: eram 498 km2 em agosto de 2009 e nesse ano foram 265 km2 no mesmo mês.
O coordenador-geral de zoneamento e monitoramento ambiental do Ibama, George Ferreira, salientou que parte do aumento verificado no Amazonas é por causa das nuvens que cobriam o estado no ano passado e impediam a verificação. A ministra enfatizou, porém, que equipamentos novos conseguirão identificar a situação real das áreas, mesmo quando há incidência de nuvens nas regiões verificadas, e que eles já estão em processo de ajuste. "A questão das nuvens está deixando de ser um gargalo. Isso ficará para o próximo governo", afirmou.
Sonegadores
A ministra informou, ainda, que além da repressão em campo, nos locais onde ocorre a derrubada da cobertura florestal, o governo está cruzando as informações com os dados de sonegação de impostos. Os criminosos ambientais são também sonegadores, afirma Izabella. Isso tem melhorado a capacidade dos órgãos ambientais na hora de identificar e punir com mais eficácia os desmatadores.
Taxa anual
A taxa anual de desmatamento é calculada por outro sistema, o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), que é mais preciso por avaliar áreas menores. Apesar da metodologia diferente, a avaliação do Deter costuma antecipar os resultados do Prodes.
Os dados do projeto para o período 2009/2010 devem ser apresentados em novembro. Se a tendência de queda se confirmar, o governo espera chegar a um novo recorde de queda do desmatamento. Em 2008/2009, a taxa anual de desmate calculada pelo Inpe foi de 7,4 mil km2, a menor registrada em 20 anos de monitoramento.



