
SÃO PAULO - A Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) notificou ontem a Gol a regularizar o atendimento aos passageiros, após o quarto dia seguido em que os vôos da empresa tiveram atrasos acima da média nacional. Segundo informações da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), 244, ou 52,5%, dos vôos da companhia tiveram atraso superior a 30 minutos até as 18 horas de ontem. A VRG, empresa do grupo Gol que opera a marca Varig, por sua vez, registrou demora superior a meia hora em 41,6% dos 125 vôos realizado no mesmo período. Dos 1.511vôos de todas as companhias aéreas programados no país da 0 às 18 horas, 26,9% sofreram atrasos.
A determinação é que a empresa aumente os postos de check-in nos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, na grande São Paulo, do Galeão, no Rio, e de Brasília. Caso os atrasos persistam, o órgão ameaça cortar vôos da Gol/Varig. A decisão será tomada em uma reunião com a diretoria da companhia, convocada pela agência para a sexta-feira.
O governo concluiu que os problemas nos aeroportos são conseqüência da deficiência da Gol/Varig em atender os seus passageiros e não de um caos aéreo. A ordem é mostrar os problemas da companhia e evitar que se dissemine a idéia de que há uma crise aérea ou problemas de infra-estrutura.
Cortes
Ontem, um dia após o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ter atribuído os atrasos a um corte de funcionários da Gol, sindicatos de profissionais do setor da aviação civil afirmaram que a Anac, órgão ligado à Defesa, sabia do problema havia pelo menos 18 meses. Os sindicalistas dizem ter alertado a agência sobre os efeitos que os cortes teriam sobre os serviços prestados pelas empresas.
A Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Fentac) e o Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) afirmam ter enviado ofícios à agência desde que ela ainda era presidida por Milton Zuanazzi.
A Anac afirmou que não poderia ter evitado que os problemas ocorressem, já que "nenhum órgão regulador pode multar uma empresa privada por conta de demissões.
A Gol atribuiu os atrasos a resquícios do problema enfrentado no fim de semana. Na segunda-feira, a empresa afirmara que os problemas "já estão completamente solucionados".



