
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer proibir o consumo e venda no Brasil da sibutramina e de outros inibidores de apetite derivados das anfetaminas (anfepramona, fempropox e mazindol). A proposta será discutida em audiência pública em Brasília na próxima quarta-feira. Depois disso, a decisão será tomada pela diretoria da agência. A avaliação da Câmara Técnica de Medicamentos da Anvisa é que o risco potencial à saúde desses produtos supera os benefícios. No caso da sibutramina, a manutenção da perda de peso a longo prazo seria difícil e não compensaria os possíveis danos ao sistema cardiovascular. Já os anfetamínicos trariam riscos pulmonares e ao sistema nervoso central.
Em nota, a Anvisa informa que os inibidores de apetite que contêm sibutramina e os anorexígenos anfetamínicos já foram banidos em diversos países desenvolvidos por serem considerados medicamentos obsoletos e de elevado risco para o paciente.
O cerco à venda de emagredores com sibutramina começou no ano passado. No final de março de 2010, a Anvisa endureceu as regras para prescrição e venda da droga. Desde então, o medicamento só pode ser vendido com receita azul (de controle especial). Com isso, a sibutramina deixou de constar da lista de medicamentos de controle comum e passou a ser classificada como droga anorexígena.
Endocrinologistas que tratam da obesidade estão preocupados com a provável proibição de medicamentos usados para emagrecer. Para eles, a retirada dessas drogas do mercado pode ter duas consequências: a procura por tratamentos clandestinos com sibutramina e o aumento de pessoas em busca de cirurgias de redução de estômago.
Responsável pelo laboratório de investigação em diabete e metabolismo da Unicamp, Bruno Geloneze teme a possibilidade de os pacientes procurarem tratamentos "pseudonaturais". Para ele, a proibição dos emagrecedores "abre uma brecha" muito grande para o mercado clandestino. "Sou francamente favorável à retirada dos anfetamínicos do mercado. Mas não há razão para tirar a sibutramina. Isso só vai aumentar a venda de drogas clandestinas pela internet, contaminadas com derivados anfetamínicos, sibutramina e diuréticos. Além de não serem eficazes, causam muito mais riscos", diz.
A opinião é compartilhada pelo endocrinologista Amélio Godoi Matos, chefe do Instituto Estadual de Diabete e Endocrinologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). "Já convivemos todos os dias com uma série de tratamentos prometendo falsos milagres. Basta abrir a internet. E a Anvisa não tem controle nenhum sobre esses casos", afirma.



