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Tratamento para doença incomum

Apesar de a falta do gliconato de cálcio representar, sem dúvida, um problema para as instituições de saúde, o uso deste suplemento não é algo tão comum pelas equipes médicas. O diretor científico da Sociedade de Terapia Intensiva do Paraná (STI-PR), Álvaro Neto, explica que a aplicação mais comum da substância é em casos de hipocalcemia sintomática grave (falta de cálcio no organismo). "[A hipocalcemia sintomática grave] é relativamente infrequente. Na maior parte das vezes que nos utilizamos o gliconato de cálcio dentro dos hospitais é para outras indicações que não para hipocalcemia", explica o médico.

Segundo ele, o suplemento é mais comumente usado para tratar de hiperpotassemia (excesso de potássio no organismo) – problema que pode ser contido por vias alternativas. "Nessa situação é um medicamento importante. Mas existem outras alternativas. Claro, que não tem ações tão rápidas e efetivas, mas existem", afirmou.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai pedir explicações ao laboratório Isofarma pela dificuldade que hospitais encontram na hora de comprar o medicamento gliconato de cálcio. O suplemento intravenoso é utilizado no tratamento hospitalar de pacientes com deficiência nos índices de cálcio no organismo. A agência reguladora diz que a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa-PR) relatou ao órgão federal que está tendo dificuldades para comprar o medicamento.

O problema de abastecimento dos estoques do remédio começou a ocorrer depois que a Anvisa suspendeu quatro lotes de gliconato (ou gluconato) de cálcio 10% da Isofarma. Esses lotes, conforme informou a agência em nota, foram produzidos em 2013. "O motivo específico da suspensão foi a presença de material estranho com flocos escuros", informou a Anvisa sem detalhar do que era composta essa matéria estranha.

A Isofarma é responsável por 80% do abastecimento do mercado brasileiro de gliconato de cálcio, mas não informou nenhum problema à vigilância sanitária. "A Anvisa não recebeu nenhuma comunicação dos fabricantes sobre descontinuação de fabricação temporária ou definitiva ou redução na quantidade fabricada que possa causar desabastecimento", diz a nota.

A agência também disse que o Ministério Público Federal (MPF) solicitou informações sobre o desabastecimento. Foi esse fato que motivou à Anvisa resolver que vai solicitar informações à Isofarma sobre descontinuação de fabricação temporária ou definitiva ou redução na quantidade fabricada. A Anvisa também não descarta importar o medicamento de outros países, caso seja necessário.

Hospital de Curitiba está sem medicamento

O Hospital Evangélico, em Curitiba, um dos principais do estado, confirmou, na manhã desta segunda-feira (28), que estava sem gliconato de cálcio no estoque por não conseguir comprar o produto. A instituição diz que está há 20 dias sem o suplemento, mas que nenhum atendimento foi interrompido por causa disso. Outros remédios são utilizados para substituir o gliconato de cálcio, conforme informou a instituição de saúde.

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou, via assessoria de imprensa, que nenhum hospital da rede administrada pelo órgão está sem a substância.

O Hospital de Clínicas, via assessoria, também disse que não está enfrentando problemas de desabastecimento.

A assessoria de imprensa do grupo Marista – do qual fazem parte os hospitais Cajuru, Marcelino Champagnat, Maternidade Alto Maracanã, Santa Casa de Curitiba, e Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida – informou que estas unidades de saúde fazem uso do gliconato de cálcio, mas que ainda possuem o suplemento em estoque.

A reportagem entrou em contato ainda com a assessoria do Hospital Erasto Gaertner e aguarda retorno sobre o estoque do medicamento nesta instituição.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com o laboratório Isofarma, mas as atendentes disseram não poder repassar o telefone direto dos responsáveis. Um número de telefone foi deixado para que alguém retornasse às ligações para comentar o caso, mas não houve retorno até as 16h11.

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