Vez ou outra recebo e-mails de pessoas preocupadas com os "desserviços" que a internet anda prestando à nossa querida língua. A reclamação é basicamente a mesma: os jovens (sempre eles!) estão escrevendo tudo errado, não respeitam mais a ortografia, cospem na concordância verbal e desdenham da regência como da roupa que vovó deu de presente.
Não farei uma apologia da escrita da molecada, mesmo porque admiro pouquíssimas pessoas no quesito "textos que devem ser lidos de joelhos antes que o mundo acabe dia 21". Mas também não jogarei pedras por saber que, no geral, crianças, jovens e adultos brasileiros sempre se deram mal com a escrita. Não por causa da internet, mas porque nosso sistema educacional era um horror no passado e ainda hoje continua com aspecto de dar medo. Muito antes de facebooks, twitters e blogues, já dávamos topadas escandalosas na língua. A internet está dando publicidade aos nossos disparates.
Registros formais devem ser usados em situações que os exigem. Um rapaz que posta suas mensagens no Twitter na linguagem que o meio requer deverá se adequar à língua culta em uma situação mais formal. Creio que isso está claro para os jovens.
Por ser um apaixonado pela nossa língua e também alguém que procura estudá-la com algum rigor, sempre defendo que as gerações mais novas não economizem energia para conhecê-la melhor. É um investimento intelectual que não tem preço.
Um dos mais brilhantes estudiosos da educação em e de nosso país, Anísio Teixeira, certamente seria um apaixonado pela internet. Lá pelas décadas de 40 e 50 do século passado, argumentava que os professores deveriam usar toda a parafernália tecnológica para melhorar a instrução dos estudantes.
Os educadores têm de ouvir e seguir esse conselho do mestre. Em outras palavras, eles precisam estar linkados.
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