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Nordeste

Após chuvas, Pernambuco e Alagoas vivem hiperinflação

Preços de produtos básicos chegam a quadruplicar. Em cidade sem luz, comerciantes cobram por uma vela o valor que antes comprava um pacote

Buscas continuam no município alagoano de Branquinha, atingido pela cheia do Rio Mundaú: até ontem, estado contava 76 pessoas desaparecidas | Evaristo Sá
Buscas continuam no município alagoano de Branquinha, atingido pela cheia do Rio Mundaú: até ontem, estado contava 76 pessoas desaparecidas (Foto: Evaristo Sá)
Em União dos Palmares (AL), desabrigados se juntam para ver o jogo do Brasil |

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Em União dos Palmares (AL), desabrigados se juntam para ver o jogo do Brasil

Confira que 158 mil pessoas foram afetadas em 114 municípios |

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Confira que 158 mil pessoas foram afetadas em 114 municípios

Além de conviver com a destruição provocada pela força das águas, moradores das cidades atingidas pelas chuvas em Pernambuco e Alagoas tentam recomeçar a vida com um novo obstáculo: o aumento dos preços. O mesmo fato que aconteceu há dois anos em Santa Catarina se repete agora no Nordeste. Enquanto doações chegam de várias partes do país, algumas pessoas tiram proveito da situação vivida por desabrigados ao inflacionar o valor de alimentos e produtos básicos, como gás, água, vela e carne. "Depois da queda, o coice", define o pernambucano Lenivaldo Marques da Silva.

Em Palmares (PE) e Barreiros (PE) o preço do galão de água triplicou de R$ 5 para R$ 15. "Os preços aumentaram muito. É triste ver gente se locupletando à custa da miséria alheia", lamenta Leni­valdo, que só conseguiu salvar parte dos seus livros na enchente. Depois das chuvas, o preço da carne de charque saltou de R$ 10 para R$ 35 o quilo; o da galinha, de R$ 5 para R$ 15. O valor cobrado por um pacote de macarrão quadruplicou. Botas para enfrentar a lama chegam a R$ 50. Quem não pode pagar usa sacos plásticos nos pés.

A situação se repete em Água Preta (PE). O consumo de velas aumentou devido à falta de luz, elevando os preços. Uma unidade chega a R$ 2, valor cobrado anteriormente por um pacote inteiro. Os relatos se repetem em Alagoas. "Tem lugares aqui que cobram R$ 4 por uma vela e R$ 75 por um botijão de gás", conta o major Sandro Costa Cavalcante, chefe da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros de Alagoas. Segundo comerciantes, a "inflação" se deve à perda de estoques, aos saques e ao fechamento dos mercados. "Precisamos reforçar a segurança", diz o comerciante Josué Ribeiro.

A expectativa é de que a partir deste fim de semana o socorro às vítimas receba o reforço de 40 soldados da Força Nacional de Segurança. Um dos objetivos é justamente tentar conter os saques. As Forças Armadas mobilizaram um contingente de 1,7 mil militares e mantêm outros 3 mil na reserva. Até agora, calcula-se que 50 pessoas foram presas em Alagoas sob suspeita de terem roubado mantimentos e outros produtos. "Os saques não são algo generalizado. Na hora da calamidade houve, sim", conta Cavalcante.

Resgate

Até agora são 52 mortos nos dois estados, e 76 alagoanos desaparecidos. A enxurrada tirou 158 mil pes­soas de suas casas em 114 municípios. Ontem à tarde, um homem de 28 anos, identificado como Fábio da Silva, foi localizado no leito do Rio Canhoto, no povoado de Santo Antônio da Lavagem, na zona rural de União dos Palmares (AL). Com este, já são 35 os mortos confirmados em Alagoas.

O corpo foi encontrado por populares na quinta-feira, mas apenas ontem o fato foi comunicado à Delegacia Regional de União, que acionou o Corpo de Bombeiros para o resgate. Em depoimento à polícia, uma irmã da vítima disse que Fábio teria caído no rio quando tentava atravessar uma ponte, no último domingo, quando o nível da água ainda estava alto.

Doações

No começo desta semana, 47 toneladas de alimentos e outros produtos chegaram a Alagoas vindos do Sul e Sudeste. Outras 20 toneladas de alimentos serão encaminhadas à região pelo governo federal. Cavalcante diz que a população está suprida de mantimentos, mas há carência de roupas femininas, roupas de bebê, fraldas, velas, fósforos, colchões, roupas de cama e produtos de higiene e de limpeza. Já foram distribuídas 19 toneladas de alimentos aos alagoanos.

No Paraná, a Defesa Civil Esta­dual não montou nenhum ponto de coleta de doações. A orientação é que as doações sejam feitas por meio de depósito em conta-corrente (Banco do Brasil: conta 5241-8, agência 3557-2. Caixa Econômica Federal: conta 955-6, agência 2735, operação 006). "A logística de levar mantimentos daqui para o Nordeste seria muito cara", afirma o major Osni Bortolini, chefe da Defesa Civil do Paraná. Veja que donativos podem ser entregues nos Correios.

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