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DESORDEM

Após três dias de pânico, PM encerra greve em Pernambuco

Sem polícia na rua, região do Recife viveu dias de caos, com saques ao comércio e aumento da criminalidade

Supermercados foram saqueados durante a ausência do policiamento no Recife | Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem
Supermercados foram saqueados durante a ausência do policiamento no Recife (Foto: Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem)
Populares carregaram mercadorias saqueadas em plena rua. Ao todo, 234 pessoas foram detidas |

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Populares carregaram mercadorias saqueadas em plena rua. Ao todo, 234 pessoas foram detidas

Após três dias de pânico, bombeiros e policiais militares de Pernambuco decidiram encerrar a greve na noite de ontem. A decisão foi tomada em assembleia após proposta do governo de incorporar a gratificação por risco de vida ao salário. A remuneração passa de R$ 1,9 mil para R$ 2,8 mil por mês – os militares pediam até 50% de aumento. A Força Nacional de Segurança teve de agir no Recife e na região metropolitana em meio à onda de saques, arrastões, assaltos e alta de homicídios.

A violência se espalhou pela capital. A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) informou que, das 19 h de terça até as 7 h de quarta, sete homicídios ocorreram no Grande Recife, além de sete tentativas de assassinato – o número excede a média registrada nos fins de semana, que é de, no máximo, seis. Foram detidas 234 pessoas, com 102 autuações em flagrante, de acordo com a Secretaria de Defesa Social.

Cenário

O cenário de arrombamentos, saques e arrastões teve início na noite de terça em Abreu e Lima, no Grande Recife. Vândalos carregavam geladeiras, fogões, televisores e computadores pelas ruas, sem impedimento. Pela manhã, o caos se expandiu. No bairro de Caetés, mercadinhos foram invadidos até por crianças, que levaram mercadorias. A região metropolitana parou por causa de boatos. Comércio, escritórios, instituições públicas, universidades, escolas do Recife, Olinda e entorno fecharam na quarta-feira. À tarde, já não havia movimento nas ruas.

Casos de violência eram relatados mesmo depois que os tanques do Exército começaram a ganhar as ruas. O advogado Rodrigo Ribas viveu momentos de terror ao deixar o escritório no centro, às 14 h, para voltar para casa em Boa Viagem, na zona sul. Ele passou no meio de um saque. Um homem estava morto no chão e um carro da Polícia Civil se dirigia ao local pela contramão. "Me senti no meio de uma guerra", disse.

Um funcionário de uma agência bancária, do Shopping Guararapes, assistiu a três arrastões, antes do centro comercial fechar suas portas. "Vi assaltos à mão armada nas ruas", contou uma mulher que não quis se identificar.

As negociações entre a categoria e o Estado foram acompanhadas pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Uma das principais lideranças da mobilização, o soldado Joel Maurino, comemorou o acordo. "Conseguimos avançar bastante. Com a incorporação da gratificação, por exemplo, quando formos discutir reajuste salarial, em janeiro de 2015, o porcentual que for concedido será calculado em cima de R$ 2,8 mil e não de R$ 1,9 mil como estava querendo o governo anteriormente."

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