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A área onde o voo AF 447 da Air France desapareceu é uma região de tempestade "contínua", segundo o meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) Marcelo Celuchi. A chamada "zona de convergência intertropical" fica no meio do caminho entre Brasil e Europa e pilotos estariam acostumados a passar pelo local. No entanto, o cientista não descarta a possibilidade de um raio ter atingido a aeronave.

"É uma região de instabilidade praticamente contínua, com nuvens de tempestade carregadas, fortes chuvas e raios intensos", explicou Celuchi ao G1. "Essa zona muda de posição ao longo do ano, de acordo com as estações. Às vezes fica mais para cima, às vezes para baixo", afirma o meteorologista.

Para o cientista, "dificilmente essa tempestade seria a causa principal da queda de um avião, por que os pilotos estão muito acostumados a passar por ela". "Os aviões também têm radares que detectam a presença de nuvens mais baixas ou pesadas e o piloto seria capaz de desviar com antecedência", afirma o pesquisador.

De acordo com François Brousse, diretor de Comunicação da Air France, a hipótese "mais provável" é que a aeronave tenha sido atingida por um raio. O meteorologista acredita que isso é possível. "Pode ser, é possível. Não sou especialista em funcionamento de aviões, não sei dizer se um raio derrubaria um avião. Mas é uma área com muitos raios, sim", afirma Celuchi

Desaparecimento

A companhia Air France informou que o Airbus que sumiu sobre o Oceano Atlântico quando ia do Rio de Janeiro a Paris mandou uma mensagem automática às 2h14 GMT desta segunda-feira (23h14 de domingo em Brasília) avisando sobre uma pane elétrica.

O aviso teria sido mandado depois que o avião comercial, um Airbus 330-200, atravessou uma área de tempestade, em que enfrentou forte turbulência.

François Brousse, diretor de Comunicação da empresa, disse em Paris que a hipótese "mais provável" é que a aeronave tenha sido atingida por um raio.

O diretor-executivo da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, disse que possivelmente se está "diante de uma catástrofe aérea".

O voo AF 447, que levava 216 passageiros e 12 tripulantes, segundo a empresa deveria ter pousado às 6h10 (horário de Brasília) no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Anteriormente, a empresa havia informado sobre a presença de 15 tripulantes.

Entre os 216 passageiros, há um bebê, sete crianças, 82 mulheres e 126 homens . A companhia disse que a aeronave estava em uso desde 2005, tinha 18.870 horas de voo e passou por manutenção técnica pela última vez em 16 de abril .

Os nomes dos passageiros não foram divulgados ainda. O ministério francês do Interior disse que cerca de 60 dos passageiros seriam franceses. A imprensa francesa relata que haveria passageiros de Marrocos, Itália e Líbano.

O comandante, segundo a Air France, tinha 11 mil horas de voo. Os copilotos tinham 3 mil e 6,6 mil.

A Air France colocou à disposição de familiares um telefone que centraliza informações sobre o acidente: 0800 881 2020 para o Brasil, 0800 800 812 para a França e + 33 1 57 02 10 55 para outros países.

Parentes de passageiros estavam sendo encaminhados para uma área especial do aeroporto Charles de Gaulle.

A Air France repassou ao Bureau de Investigação e Análises para a Segurança de Aviação civil , organismo responsável na França pelas investigações técnicas sobre acidentes e incidentes da aviação civil, e para a Airbus, fabricante do avião, as informações que tem em seu poder sobre o desaparecimento.

Buscas

O voo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III) a 565 km de Natal, informando que entraria no espaço aéreo de Dacar, no Senegal, às 23h20 de Brasília, segundo a Aeronáutica. Às 22h48 (horário de Brasília), quando a aeronave saiu da cobertura do Cindacta, as informações indicavam que a aeronave voava normalmente a 11 quilômetros de altitude e a uma velocidade de 840 quilômetros por hora.

Os controles aéreos civis brasileiro, africano, espanhol e francês tentaram estabelecer contato com o voo, mas não obtiveram sucesso.

Três aviões da Força Aérea Brasil e três navios da Marinha já começaram as buscas pelo avião. Segundo o assessor de imprensa da Aeronáutica, coronel Henry Munhoz, as buscas foram iniciadas ao nascer do sol. "Aeronaves da Força Aérea Brasileira, a partir de Fernando de Noronha, no sentido de Paris, buscam a aeronave desaparecida", disse Munhoz.

Segundo o coronel, o avião não foi detectado nos radares da Ilha do Sal, que fica no meio do caminho entre Brasil e Europa. "Em consequência disso, a Força Aérea Brasileira foi acionada durante a madrugada para que as buscas fossem iniciadas com o nascer do sol."

O assessor da Aeronáutica explica que o departamento de controle do espaço aéreo tem uma cobertura que corresponde a três vezes a dimensão do Brasil. Boa parte do Oceano Atlântico está sob a responsabilidade do país, de acordo com tratados internacionais. Portanto, as buscas estão a cargo do país.

Uma aeronave militar francês deixou Dacar, no Senegal, para tentar localizar o avião , informou a embaixada da França naquele país africano.

O ministro francês do Desenvolvimento, Jean-Louis Borloo, disse em entrevista à radio France Info que, infelizmente, deve-se esperar pelo "mais trágico cenário", uma vez que a reserva de combustível do avião já deve ter acabado. Ele também descartou a possibilidade de sequestro e disse que o mais provável é que tenha havido um acidente.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu ao governo que "faça todo o possível" para encontrar pistas do avião, segundo comunicado emitido pelo Palácio do Eliseu. O governo montou uma "célula de crise" no aeroporto para acompanhar o caso.

A Airbus, fabricante do avião, disse que iria esperar mais informações para falar sobre o caso.

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