Curitiba pode perder 80% do total de suas 300 mil árvores se não cuidar de um parastia que já se instalou em 10% delas. É o que mostra uma reportagem publicada na edição desta quinta-feira da Gazeta do Povo.
O parasita é conhecido popularmente como "erva de passarinho". Aparentemente inofensiva, essa planta se instala nas árvores e passa a se alimentar basicamente de seiva elaborada. Com o passar dos anos, a erva suga toda a energia de sua hospedeira, levando-a à morte.
"Se alguma coisa não for feita com urgência, em 20 anos, 80% das árvores de Curitiba irão desaparecer", alerta o professor de propagação e morfogênese de árvores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Flávio Zanette.
Segundo ele, a disseminação da erva acontece por meio dos pássaros daí o nome erva de passarinho. Eles comem os frutos da parasita, que são mais doces do que os outros, e depois transmitem a praga a outras árvores. A erva alimenta-se dos minerais sugados por sua hospedeira.
São quatro os gêneros mais freqüentes nas áreas urbanas, porém, ainda não foram identificados quais os que atingem Curitiba. Sabe-se, no entanto, que é um tipo de parasita que não escolhe hospedeiro. "Só não vi na araucária e no pinus. Nas outras espécies, todas", avisa Zanette.
Para descobrir se a árvore está contaminada, basta olhar com atenção: galhos mais longos, que pendem das copas, várias raízes que se agrupam no tronco e pequenos acúmulos de sementes escuras que se destacam principalmente no inverno indicam a presença da erva de passarinho. Para Zanette, nenhuma praga é tão séria quanto essa. "É uma planta contra outra", ressalta.
Em média, uma árvore hospedeira leva de cinco a dez anos para morrer. Zanette informa que, o problema se acentuou em Curitiba nos últimos quatro anos, fugindo do controle e necessitando, urgente, de ações práticas.
"Já tomamos algumas iniciativas para o manejo adequado na área urbana, mas não tivemos sucesso. Precisamos da atenção da população e principalmente dos órgãos públicos, para descobrirmos novos meios de conter essa praga", diz o especialista.
A Secretaria do Meio Ambiente informou que, desde junho, está fazendo um levantamento em 20 bairros de Curitiba para diagnosticar quantas árvores estão contaminadas com a erva de passarinho. "Depois desse relatório iremos analisar a situação e montar estratégias de combate", diz o diretor do Departamento de Produção Vegetal, Edelcio Reis.



