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Pedestres em risco

As campeãs de atropelamentos

Estudo mostra que nem sempre as vias mais movimentadas resgistram o maior número de acidentes

Linha Verde, uma das vias com maior risco de atropelamento na capital paranaense, de acordo com a pesquisa | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Linha Verde, uma das vias com maior risco de atropelamento na capital paranaense, de acordo com a pesquisa (Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo)
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Veja no mapa os lugares mais perigosos

O risco de alguém ser atropelado em Curitiba é maior nas avenidas Toaldo Túlio, Paraná e Anita Garibaldi, na Rua Francisco Derosso e na BR-476/Linha Verde. É o que aponta uma pesquisa feita entre 2005 e 2007 pela arquiteta Jussara Maria Silva, professora das universidades Positivo e Tuiuti. Ela levou em conta o número de pedestres que circulam pela via e a quantidade de acidentes no local nos três anos de análise. A conclusão a que se chega é quem nem sempre as ruas mais frequentadas pelas pessoas são as que têm mais acidentes. O trabalho foi apresentado como tese de doutorado pela Universidade de Santa Catarina (UFSC).

Só para se ter uma ideia, circulam na Rua XV de Novembro, esquina com a Marechal Floriano Peixoto, cerca de 7.060 pessoas por hora e no período de três anos foram atropelados dois pedestres. Já na Toaldo Túlio, no bairro do São Braz, passam, por hora, cerca de 237 pessoas (o que equivale a 3% do movimento da primeira) e foram atropeladas em três anos o dobro de pedestres, ou seja, quatro.

Os dados dos atropelamentos foram levantados no Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate). "Uma das motivações para o estudo foi analisar não apenas a quantidade de acidentes em uma via, mas os outros fatores envolvidos", diz Jussara.

Das 196 ruas de Curitiba que tiveram pelo menos sete atropelamentos nos três anos da pesquisa, Jussara selecionou 15 delas. Ela levou em conta, além da quantidade de atropelamentos, outros conceitos para a escolha, tais como: vias que estão mais conectadas na malha viária, que são mais cuidadas e têm um movimento maior de pedestres.

No ranking da pesquisa, os pontos mais problemáticos normalmente estão próximos de locais como shoppings, terminais de ônibus, supermercados, restaurantes e escolas. Os horários de maior registro de acidentes com pedestres são, geralmente, entre final da tarde e início da noite. "Os atropelamentos são eventos difíceis para se compreender e dar soluções. Envolvem uma série de fatores, inclusive a desatenção do próprio pedestre", afirma.

Para chegar aos motivos dos acidentes, Jussara analisou as condições físicas da rua. "Demos nota de 0 a 100 para o fator andabilidade, ou seja, se a via é larga, tem calçadas em bom estado, tem meio fio, semáforos em número suficiente e acesso para idosos e deficientes", explica. Das 15 ruas analisadas, apenas a XV de Novembro chegou próximo a 100. A Manoel Ribas (esquina com Jacarezinho) levou nota mediana e todas as outras ficaram com nota inferior a 59, o que significa dizer que não cumprem nem metade dos requisitos apontados como essenciais para a segurança dos pedestres.

O obstáculo na calçada é um dos problemas para quem anda na rua. Na última segunda-feira, Roselaine Ferreira Franco, de 32 anos, foi atropelada na Avenida Sete de Setembro, próximo ao Shopping Curitiba, depois que teve de sair da calçada porque havia uma pessoa lavando o local. "Fui para a rua porque não queria me molhar, pisei no cantinho, do lado do meio-fio, e não vi o carro. A pancada fez eu girar duas vezes e cair no chão", conta. Roselaine foi levada ao Hospital Evangélico porque teve hematomas na perna e recebeu atestado médico por três dias.

Se for levado em conta apenas o número de acidentes nas ruas (sem o fluxo de pedestres), a Sete de Setembro aparece em segundo lugar com a maior quantidade de atropelamentos. Em primeiro está a Marechal Floriano.

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