
O último adeus é dado em uma sala espaçosa, com baixa luminosidade, poltronas confortáveis e paredes pintadas em tons claros. À frente dos familiares e amigos, o caixão com o corpo do ente querido é colocado em uma base de mármore possibilitando a visão de todos os presentes. A última cerimônia é realizada rapidamente. Depois da despedida, o silêncio parece ser combinado entre os que estão reunidos. Vagarosamente a urna mortuária desce por um elevador – como se fosse um sepultamento simbólico. Aí sim, suspiros, choros e soluços começam a ser ouvidos no ambiente. O corpo segue para a cremação.
Em outra sala, o forno crematório já está preaquecido. Com exceção dos funcionários, ninguém mais acompanha o processo. As chamas são lançadas. Depois da primeira faísca iniciar a combustão, o fogo queima por cerca de três horas, em temperatura que chega a 1000°C, até a matéria se transformar em pó.
Ao fim da incineração, alguns pedaços de ossos ainda se mantêm intactos. Por isso são triturados em uma máquina, tornarem-se grânulos e são misturados às cinzas. Horas depois, a família recebe uma urna e cabe aos parentes dar a destinação desejada.
Apesar de ter se tornado comum nos últimos anos, a cremação é uma prática antiga. A cerimônia com fogo já era praticada por volta do século 10 a.C, quando os gregos utilizavam as chamas para dar adeus aos mortos nas guerras.
Destino das cinzas
Ana Paula Lima, gerente do crematório Angelus, do Sistema Prever, de Maringá, explica que são várias as opções para guardar a lembrança do familiar falecido. Segundo ela, muitas pessoas preferem depositar as cinzas em um columbário – uma espécie de câmara sepulcral instalada em um cemitério. Mas há quem prefira guardar em casa ou jogá-las ao mar.
Há também quem coloque em uma urna com sementes de árvores e húmus, para que uma nova vida floresça. Ainda há aqueles que “transformam” os restos do familiar em obra de arte. O material é enviado a um artista plástico que pinta quadros a óleo utilizando as cinzas. “Isso vai depender de como a família pretende preservar a lembrança”, afirma a gerente.
Prazo legal
Antes de o corpo ser incinerado, em conformidade com a legislação, é preciso aguardar um período mínimo de 24 horas, contadas a partir do falecimento. O prazo é dado para contestação judicial ou mesmo apuração de erro médico. Em geral, durante esse tempo o corpo é velado em capelas. Se a família abrir mão da cerimônia, o corpo pode ser guardado refrigerado em uma câmara fria a 4°C, antes de ser cremado.
Em algumas doutrinas, como o Espiritismo, o tempo de espera chega a 72 horas – período que, segundo a Federação Espírita Brasileira (FEB), a alma leva para se desprender do corpo.
Decisão particular
A decisão de o que fazer com o corpo após a morte é particular. O indicado, segundo a gerente do Prever, é que o desejo pela cremação seja registrado em cartório. Na ausência do documento, um parente de primeiro grau, em ordem sucessória (pais, cônjuge, irmãos, primos maiores de 18 anos), pode dar a autorização.
Em casos de assassinatos, quando há chances de se solicitar uma perícia ou mesmo exumação, o processo crematório só pode ser autorizado pela Justiça – mesmo diante da vontade da família. As cinzas não contêm componente genético, o que impede a realização de qualquer exame posterior, explica o médico legista Aldo Pesarini.
Custos
A cremação particular custa, em média, aproximadamente R$ 3 mil. O valor é mais baixo se comparado com o do sepultamento tradicional. Nele, além dos gastos com a funerária, há o preço do jazigo e os custos adicionais de manutenção.
Meio ambiente
Nos fornos crematórios, com recursos de alta tecnologia, a emissão de gases poluentes é nula e não há impacto ambiental, diz Ana Paula. Conforme o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a cremação impede a formação de líquidos da decomposição dos corpos, o que ocorre nos enterros em jazigos.
De acordo com o Sindicato dos Cemitérios Particulares do Brasil (Sincep), o país conta atualmente com 32 crematórios.
Lista de falecimentos - 05/09/2015
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