
O candidato de oposição à presidência do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, 33 anos, escapou de um atentado a tiros na noite do último sábado. Ele teria sido alvo de quatro disparos quando chegava em casa, no bairro Sítio Cercado, por volta das 23 horas, mas nenhum o acertou. O caso ocorre cinco dias antes das eleições na entidade, marcada por denúncias e polêmicas.
De acordo com Teixeira, ele estava acompanhado do irmão, Alcenir Teixeira, e tinha acabado de chegar para buscar a esposa, grávida de sete meses. Por questões de segurança ele afirma que a casa vinha sendo rondada há alguns dias , o casal iria dormir fora. Alcenir aguardava no carro, enquanto Teixeira abria o segundo portão de casa. Neste momento, ele teria ouvido ser chamado pelo nome. "Eu olhei e já escutei os tiros. Joguei-me direto no chão da garagem", conta.
Segundo a vítima, dos quatro disparos, dois acertaram o carro e os outros quebraram o vidro da janela da sala. A esposa dele estava em outro cômodo e não foi atingida. Alcenir, que aguardava dentro do carro, também escapou ileso. "Só consegui ver que era um carro escuro, mas não deu tempo de ver rosto, nada", diz Teixeira.
Vizinhos dele confirmam que a casa vinha sendo vigiada nos últimos dias. Um deles, em entrevista à reportagem, conta que estava acordado e ouviu o barulho dos disparos. "A impressão que deu foi que os tiros foram dentro da minha casa. Eu estava próximo da janela. Depois que ouvi os tiros,corri para ver e vi um carro tipo Gol ou Palio, cor chumbo, já na esquina", afirma.
Segundo Teixeira, a Polícia Militar, a perícia e uma equipe da Delegacia de Homicídios estiveram no local na noite de sábado. A sala de imprensa da Polícia Militar não confirma o registro da ocorrência, mas a delegacia informou que foi aberta uma investigação. Nenhum outro detalhe foi divulgado.
Bate-chapa
O atentado aconteceu cinco dias antes do pleito que elegerá a nova diretoria do Sindimoc. A chapa de Anderson Teixeira concorre contra a chapa da atual diretoria que tem o atual tesoureiro do sindicato, Valdecir Bolette, como candidato à presidência, e o vereador Denílson Pires, atual presidente, como candidato a vice.
Teixeira disse que prefere não acreditar que o atentado esteja relacionado à disputa. "Não quero acreditar que tenha relação com a disputa, mas não tenho nenhum desafeto, nenhum inimigo, não tive nenhuma briga de trânsito e a morte do meu pai, quando era candidato da oposição do sindicato, até hoje não foi esclarecida", afirmou. Mesmo temendo pela própria vida e de seus familiares, ele diz que não vai desistir do pleito. "Meu pai ficou calado, mas eu não vou me calar", declarou.
Teixeira é filho de Almir Teixeira, o "Zico", 53 anos, que era secretário do Sindimoc e foi morto a tiros em fevereiro do ano passado, quando chegava em casa, no bairro Xaxim. Zico dizia ter descoberto irregularidades no sindicato e ameaçava denunciar. Ele teria gravações de reuniões do Sindimoc que comprovariam as denúncias.
Na semana passada, as gravações foram encontradas pela mãe de Anderson e entregues ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. As denúncias dão conta de um acerto entre o sindicato e uma fornecedora de cestas básicas para os funcionários das empresas de ônibus. As cestas continham produtos inferiores e não sofriam a devida fiscalização pelo sindicato, que em troca recebia R$ 120 mil por mês. As gravações ainda mostram conversas entre os dirigentes do Sindimoc a respeito de funcionários fantasmas.
Além da morte de Zico, o Gaeco também investiga o assassinato de outro presidente da entidade, Aristides da Silva, o "Tigrinho", ocorrido em 1998. Tigrinho foi morto a tiros em Itapoá, Santa Catarina, em seu bar.



