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Área alagada em Araranguá: município foi um dos mais atingidos pelas chuvas do fim de semana | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Área alagada em Araranguá: município foi um dos mais atingidos pelas chuvas do fim de semana| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

BR-101 é liberada

Ainda com água na pista, a BR-101 foi liberada ontem para o trânsito de todo tipo de veículos. A estrada, principal ligação de Santa Catarina com os estados vizinhos, havia sofrido bloqueio na altura do município de Araranguá depois das chuvas de fim de semana.

Na manhã de ontem, a pista já havia sido liberada para caminhões, mas continuava interditada para carros de passeio e ônibus. Só com o decorrer do dia a água baixou e a Polícia Rodoviária Federal passou a permitir a passagem de todos os veículos.

Apesar do segundo dia consecutivo de sol na região sul de Santa Catarina, a maioria das famílias prejudicadas pelas chuvas ainda não havia conseguido retornar ontem para suas casas.

O governo estadual enviou emissários a Brasília para cobrar a liberação de mais verbas. "Somente 32% dos R$ 360 milhões prometidos foram liberados até agora" disse o secretário de Justiça e Cidadania do estado, Justiniano Pedroso. O governo informou que o dinheiro é liberado de acordo com a apresentação de projetos.

  • Lar para seis tigres - Seis tigres adultos tiveram de ser removidos das áreas atingidas pelas enchentes em Santa Catarina para Maringá. Pertencentes ao Circo Bremer, os animais corriam risco, em razão da falta de alimentação e do nível de água que ameaçava atingi-los. Segundo o proprietário do canil, Ari Borges da Silva, os felinos chegaram cansados e bastante debilitados

Araranguá - O bairro da Barranca, no município catarinense de Araranguá, fica distante 400 quilômetros do Vale do Itajaí, região de Santa Catarina mais afetada pelas chuvas de novembro. Pela tevê, os moradores da Barranca assistiram ao desastre que atingia os conterrâneos. Ficaram preocupados e logo começaram a arrecadar roupas e alimentos. Quilos e quilos ficaram estocados no centro comunitário do bairro, de onde seguiram para municípios próximos a Blumenau.

Agora, o centro comunitário da Barranca voltou a ficar cheio – só que dessa vez, de desabrigados. A forte chuva que caiu sob o Sul de Santa Catarina no último fim de semana afetou 19 municípios, dos quais 13 estão em situação de emergência. Hoje, 2.717 pessoas moram em abrigos ou casas de conhecidos. Araranguá foi uma das cidades mais atingidas e o bairro da Barranca, por estar próximo ao rio, o primeiro no município a ficar alagado.

A população da localidade diz que está acostumada com chuva: o último alagamento foi há oito meses. "Quem passa por isso sabe como é difícil", diz a costureira Daiane Machado de Aguiar, que levou alimentos ao centro comunitário no fim de 2008. Hoje, ela dorme no local enquanto espera poder voltar para sua casa. Diz que até agora não conseguiu nenhuma cesta básica.

O vendedor Alexandre Monteiro também ajudou em novembro. Na empresa em que trabalha, os funcionários arrecadaram dinheiro e depositaram em uma conta bancária da Defesa Civil. "Com a chuva do fim de semana, fiquei com bastante medo. Achei que pelo volume de chuva estava vindo como a do Vale", diz. Ele conta que a maior enchente registrada até então em Araranguá era a de 1974. "Não esqueço porque nasci nesse ano e meu pai sempre me contava."

A estudante Sônia Regina Cruz, que participou de uma campanha de arrecadação de donativos na escola, diz que, apesar de ter perdido móveis e comida, está tranquila porque não houve morte. "Lá (no Vale do Itajaí) foi uma tragédia muito grande. Aqui já sabíamos que é uma área de risco", diz. Ela está vivendo na casa de uma parente, mas espera limpar a casa que foi inundada e retornar em breve. Até agora, diz que não recebeu nenhuma ajuda. "Eu não me preocupo, porque não ajudo querendo receber algo em troca."

Segundo o coordenador da Defesa Civil de Araranguá, Ernani Palma Ribeiro Filho, o bloqueio na BR-101 por causa da chuva fez com que somente ontem as doações começassem a chegar. Ele prevê que hoje serão distribuídas cestas básicas. Já roupa está sobrando, pois a região abrigou estoques enviados a Santa Catarina em novembro.

De acordo com o meteorologista Daniel Calearo, da Epagri/ Ciram, não há relação entre a chuva de novembro no Vale do Itajaí com a ocorrida no Sul. No Vale, a chuva foi provocada por uma área de baixa pressão atmosférica. No Sul, foi a passagem de uma frente fria com posterior formação de ciclone extratropical no oceano que provocou volumes menores de chuva.

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