
O Centro de Londrina parou, ontem pela manhã, em um ato para pedir mais segurança. O protesto "Chega de Luto", organizado pela Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), reuniu uma multidão no calçadão da segunda maior cidade do estado. A organização estimou os participantes em 5 mil pessoas e a Polícia Militar, em 1,2 mil.
A aglomeração começou antes das 10 horas, com a colocação de faixas. Pouco a pouco, as lojas baixaram as portas e cartazes foram colados nas fachadas. Os ônibus da empresa Transporte Coletivo Grande Londrina circularam com o letreiro oscilando entre o nome da linha e a frase "chega de luto".
Policiais militares a pé, em viaturas, em motocicletas e até um posto móvel do projeto Povo foram deslocados para o calçadão. Segundo o comando da corporação, havia 22 policiais no local.
A execução do Hino Nacional iniciou a manifestação. Em seguida, em um palco montado no local, vítimas da violência fizeram seus relatos que emocionaram a multidão. O comerciante Francisco Ontivero, dono da rede de lojas Móveis Brasília, narrou a situação em que, de modo geral, se encontram os comerciantes. "Moro em Londrina há 70 anos e sou comerciante há 30. Eu nunca vi uma situação dessas, somos roubados durante o expediente", disse.
O médico Marcos Afonso Posso, padrasto de Gabriel Rezende Marques, 20 anos, assassinado em novembro de 2005, nas proximidades da Avenida Higienópolis, falou da dor da família. "Gabriel virou estatística. Com esse movimento eu espero ter de volta o direito do cidadão comum de andar na rua sem medo", afirmou. O bispo auxiliar da Arquidiocese de Londrina, dom José Lanza, e o presidente do Conselho de Pastores, Joed Lamonica Crespo, leram mensagens bíblicas. De mãos dadas, os participantes rezaram um Pai-Nosso.
Ao final do ato, foi lido um manifesto contra a violência assinado por 50 entidades que participaram da manifestação. Na multidão havia muitas vítimas da violência, entre as quais o advogado Alberto Ruiz, pai de Rafael Bernardino Ruiz, 19 anos, morto em sua casa durante um assalto, em junho, na tentativa de salvar a vida do pai. "Viemos mostrar a nossa indignação. Até algum tempo atrás, eram casos isolados de criminalidade. Mas agora não temos segurança nenhuma: meu filho foi morto dentro de casa", disse. A manifestação "Chega de Luto Londrina Exige Segurança" não se restringiu apenas ao calçadão. Na BR-369, em frente ao Parque de Exposições Governador Ney Braga, manifestantes fecharam meia pista da rodovia e colaram adesivos nos veículos. Em vários pontos da cidade, comerciantes aderiram ao protesto e fecharam parcial ou totalmente as portas durante o protesto.
Em entrevista ao telejornal Paraná TV - 2.ª edição, da RPC, o governador Roberto Requião definiu como tranqüila a situação em Londrina. "Estatisticamente, é uma das cidades mais tranqüilas do Brasil. O que há é um desespero da imprensa. (...) Por exemplo, marido mata a mulher e o que o governo pode fazer em relação a isso? O que a polícia pode fazer? Nada."



