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Ângela Maria do Espírito Santo, atendida pelo SUS, está há três meses com dores no pé e ainda não tem o exame para iniciar tratamento | Daniel Castellano
Ângela Maria do Espírito Santo, atendida pelo SUS, está há três meses com dores no pé e ainda não tem o exame para iniciar tratamento| Foto: Daniel Castellano

A empregada doméstica Ângela Maria do Espírito Santo, 38 anos, que tem dores em um dos pés e pode estar com trombose, espera há um mês o resultado de um exame de raio-x para descobrir a doença que tem e iniciar tratamento. Ângela, que mora e trabalha em Curitiba, está entre os vários pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à espera de resultados de exame por falta de um médico que assine os laudos no Hospital Santa Madalena Sofia, no Bairro Alto.

A empregada doméstica começou a sentir desconforto no pé em fevereiro e procurou atendimento na Unidade de Saúde Nossa Senhora Aparecida, no bairro Sítio Cercado, onde mora. Desde então, ela consultou dois médicos e iniciou tratamento para circulação sanguínea. Como os medicamentos não surtiram efeito, foi encaminhada ao hospital pelo SUS para realizar o exame.

O raio-x foi feito no dia 22 de abril, com previsão de que estaria disponível para retirada em 6 de maio, mas, de acordo com o hospital, ainda não está pronto. "A secretária do hospital diz que não tem previsão de liberar o exame, porque não tem médico para assinar o laudo. E ela falou que também tem mais pessoas que estão esperando e do mesmo jeito não há previsão", explica Ângela, sobre a resposta que têm ao entrar em contato com o setor responsável no local.

Desde o dia em que realizou o exame, a empregada espera um resultado para se livrar das dores e do inchaço no pé, o que têm dificultado seu trabalho na casa da patroa, a empresária Cláudia Moraes. A empregada trabalha na casa de Cláudia no bairro Santo Inácio e pega três ônibus pela manhã para chegar ao serviço. Mas, as dores no pé dificultam o trajeto e o trabalho dela. "Agora entro mais tarde no trabalho para pegar ônibus vazio e poder fazer a viagem sentada. Tenho dificuldades para ficar em pé e subir escadas."

A empresária tentou ajudar Ângela, que trabalha com ela há 16 anos, mas, segundo Cláudia, burocracias do SUS teriam impedido a ajuda. "Eu poderia, sem problema nenhum, ter pagado um exame particular para ela, mas o SUS não aceita. O que eles me falam é que se você está de tratamento, não pode entregar exame particular", explica a empresária. Ângela diz ainda ter passado por problema parecido, com demora para realizar exames ginecológicos, com espera de dois anos na fila do SUS.

Problema no hospital

Procurado, o Hospital Santa Madalena Sofia confirmou a falta de um profissional para realizar a liberação dos exames de raio-x. O problema se arrasta desde o dia 10 de abril no centro médico, porque a empresa que realizava estes procedimentos, uma terceirizada, teria rompido o contrato com o hospital sem avisar com antecedência. Isso provocou o acúmulo de exames para serem liberados por um médico desde aquela data.

O hospital explicou que tenta contornar o problema com especialistas da própria instituição mas, por causa da burocracia no SUS, o novo médico só poderá iniciar os trabalhos nos laudos no início de junho desde ano. Isso ocorre porque, segundo o hospital, é necessário realizar a inclusão do nome do especialista no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do SUS, fato que só pode ser feito no início de cada mês. Se o médico começar a trabalhar sem esse cadastro, o hospital diz que estaria fora da regulamentação do SUS.

A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba também foi contatada e diz que havia recebido reclamações de pacientes do SUS sobre o Hospital Santa Madalena Sofia e entrou em contato com a instituição. A última resposta obtida pela secretaria foi de que o problema já havia sido resolvido e que o caso relatado pela reportagem da Gazeta do Povo nesta quarta-feira (21) tratava-se de um fato novo para o poder público. A secretaria se comprometeu a averiguar a situação do hospital e da empregada doméstica.

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