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São Paulo - A sociedade está cada vez mais vigilante em relação à violência contra crianças e adolescentes. O ano nem acabou e a soma das denúncias registradas até outubro chegou a 8.013 em todo o país, 10% maior que o total de 2007, que ficou em 7.121, de acordo com os dados do Disque-Denúncia da Secretaria Especial de Direitos Humanos, vinculada ao Ministério da Justiça. "Hoje as pessoas estão mais atentas. E já não ignoram o que se passa na casa do vizinho", diz Ariel de Castro Alves, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente.

O estado de São Paulo lidera o ranking, com 1.097 denúncias, seguido pela Bahia, com 980, e Minas, com 689. Em nono lugar, com 311 denúncias, o Paraná foi palco neste mês de três assassinatos de crianças, entre 8 e 9 anos de idade. As duas primeiras vítimas, Rachel Maria Lobo Genofre, de 9 anos, e Alessandra Betim, 8, sofreram abuso sexual. Também há indícios que Lavínia Rabeche da Rosa, 9, assassinada no fim de semana em sua casa, tenha sido vítima de abuso sexual.

As meninas estavam na fase, chamada pelos especialistas, de transição. "Apesar do corpo quase na puberdade, ainda pensam como crianças", diz o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, especializado em violência urbana. Por isso viram alvos.

"O pedófilo ataca as vítimas mais frágeis, que não conseguem se defender", diz o pediatra Lauro Monteiro Filho, editor do site Observatório da Infância. Monteiro dedica-se ao estudo da violência infantil há quase 25 anos. Além da fragilidade física, as crianças dessa faixa etária são ingênuas e, portanto, muito fáceis de serem seduzidas ou enganadas. "O psicopata é um grande sedutor", diz Eduardo Ferreira-Santos. "Ele é muito social e sabe conquistar."

Segundo o psiquiatra, os agressores dessas meninas devem ter algum tipo de transtorno psicológico. "E quem tem esse tipo de personalidade sabe que está cometendo um crime, mas se comporta como uma criança, que segue as regras apenas quando há alguém por perto vigiando. "Basta que ele fique sozinho para aprontar. Quando preso, comporta-se como um anjo. É o caso de Suzane von Richthofen, que na prisão virou auxiliar de enfermagem."

Em geral, é um criminoso que consegue redução de pena por bom comportamento. "Esse é o problema do sistema carcerário brasileiro. Essas pessoas deveriam ser internadas por problemas psiquiátricos, porque representam um grande risco à sociedade. Só que acabam presas como criminoso comum, com chance de recuperação", diz Monteiro Filho.

Para ele, os pais precisam estar sempre vigilantes não só em relação a suas crianças, como às dos vizinhos. É só discar 180, de qualquer lugar do Brasil, para denunciar um caso de violência contra a criança e adolescente. Quem está em São Paulo, há ainda o Disque 100.

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