Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
estudo

Baixa escolaridade é um problema extra para o idoso no Brasil

Ausência histórica de políticas para a terceira idade faz com quem menos de um terço dos brasileiros com mais de 60 anos tenham pelo menos ensino secundário

Gladi Rosa parou de estudar aos 13 anos para trabalhar, mas, já  na terceira idade, engatou uma série de cursos e retomou o sonho do diploma. | Antônio More/Gazeta do Povo
Gladi Rosa parou de estudar aos 13 anos para trabalhar, mas, já na terceira idade, engatou uma série de cursos e retomou o sonho do diploma. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

A baixa escolaridade atinge em cheio os idosos. Menos de 30% da terceira idade do Brasil possui ensino superior ou secundário, segundo o levantamento anual Global Age Watch Index 2015. Reflexo de um processo histórico e social do país, segundo o sociólogo Julio Suzuki. “Antes não havia política de bem-estar social proporcionado pelo estado. Hoje, bem ou mal, temos algumas políticas que permitem que as pessoas possam estudar”, explica.

Todavia, o clichê ‘nunca é tarde para voltar a estudar’ vale perfeitamente para quem está na terceira idade. Estudar, segundo o médico José Mário Tupiná, pode prevenir o desenvolvimento de doenças mentais, como a demência. “Não vacina, mas o capital intelectual contribui para que a pessoa tenha menos chance de doença mental ou a desenvolva tardiamente”, revela o geriatra.

Qualquer atividade educativa contribui para o desenvolvimento do bem-estar social do idoso. Esse é o alerta da pós-doutora em Educação na área de gerontologia Rita de Cássia Oliveira. “Alguns que participam de diversos cursos, seja técnico, de línguas ou informática, por exemplo, chegam a reduzir a medicação. Outros se estimulam, prestam vestibular e entram na universidade” afirma.

Teatro, dança e uma boa cabeça

A aposentada do comércio Gladi Rosa Solieri Santos é, ao mesmo tempo, uma confirmação e uma exceção à regra indicada pelo estudo. O sonho de cursar uma faculdade perdeu para o trabalho iniciado aos 13 anos. “Só estudei até o primário”, diz. Voltou a estudar e mudou de profissão aos 63 anos. Em 2000 fez um curso de modelo no Senac e já participou de mais de 70 comerciais.

Aos 78 anos, os estudos continuam sendo uma constante. Ela participa de três cursos técnicos no Núcleo de Atenção à Pessoa Idosa (Napi) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR): teatro, informática e dança.

“Estudar mantém a cabeça ativa. Não tem idade para começar. A gente fica atualizado, não se isola em casa e convive com pessoas de diferentes idades. Isso nos mantém ativos ”, diz Gladi, que começou a tomar algum tipo de remédio somente há dois anos para controlar a pressão arterial.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.