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Quem já viveu a realidade das forças policiais garante: o argumento de que o policial se corrompe porque ganha mal não se sustenta. O aspecto salarial deve entrar, sim, na discussão, mas não serve para explicar ou justificar os desvios. "Se fosse assim, não haveria deputado, senador ou juiz corruptos. Salário baixo é motivo para reivindicação, não para corrupção", avalia o coronel Ubiratan Ângelo.

No Paraná, por exemplo, a remuneração dos policiais está hoje acima da média nacional: um soldado da PM ganha R$ 3,2 mil e um policial civil em início de carreira recebe R$ 4,5 mil.

Outro argumento que enfraquece a tese salarial é que os corruptos não se restringem apenas à base das corporações (que ganham menos), mas também aos mais altos postos. "Os delegados ganham tanto quanto um promotor e isso não impede que sejam pegos em corrupção", observa o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no Paraná, Leonir Batisti.

Assédio

Outra tese refutada é a de que a "proximidade" com criminosos no dia a dia seja um elemento facilitador da corrupção policial. "Temos policiais que trabalham a vida toda na corporação e nunca tiveram problemas. Isso [corrupção] é próprio de pessoas fracas de espírito", diz o corregedor-geral da Polícia Civil, Paulo Ernesto Araújo Cunha.

Para o o coronel José Vi­­­­­cente da Silva, é preciso criar uma rede, distribuindo o controle funcional ao longo de toda a hierarquia policial. Trocando em miúdos, deve-se estabelecer uma cultura sólida dentro das instituições em que policial vigia policial.

"A supervisão tem que ser geral: do sargento e do investigador que estão na rua, ao coronel e ao delegado", pontua.

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