Um grupo de bebês nascidos com zika congênita no Nordeste do Brasil tinha cabeças de tamanho normal ao nascer, mas desenvolveu microcefalia somente de cinco meses a um ano após o nascimento, de acordo com um novo estudo liderado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
A pesquisa foi realizada em colaboração com cientistas brasileiros, que acompanharam 13 bebês nascidos no Ceará e em Pernambuco, entre outubro de 2015 e agosto de 2016. Todos tinham cabeça de tamanho normal ao nascer, embora apresentassem anomalias no cérebro já nos primeiros dias de vida.
Os 13 bebês foram submetidos a exames de imagem do cérebro, olhos, ouvidos e de características ortopédicas. Todos apresentavam retardamento no crescimento da cabeça, mas em 11 deles esse declínio do tamanho do crânio aumentou até o ponto em que foi atingida a definição de microcefalia.
“Essa é uma clara evidência de que as crianças podem ser severamente afetadas mesmo quando não apresentam microcefalia ao nascer”, declarou o diretor do CDC, Tom Frieden. Segundo Paolo Zanotto, coordenador da Rede Zika e professor da USP, o novo estudo reforça pesquisas anteriores que já haviam identificado microcefalia após o nascimento. “A zika é uma síndrome que ainda não foi cientificamente descrita, mas tudo indica que ela é mais complexa do que pensávamos inicialmente”, disse Zanotto.
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