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Saúde

Bichos à solta

Lagartas de diferentes espécies, aranhas, escorpiões e abelhas surgem com mais frequência com o calor

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As altas temperaturas das últimas semanas ajudaram a aumentar a população de animais peçonhentos, – em especial larvas e insetos, – nos centros urbanos. O contato com algumas espécies pode provocar acidentes graves, caso a pessoa não seja socorrida a tempo. No bairro Cristo Rei, em Curi­tiba, os moradores estão preocupados com a quantidade de lagartas que caem das árvores. Desde que começou a onda de calor, os pedestres andam com cuidado nas calçadas, com medo de serem surpreendidos pelos bichinhos. A falta de informação sobre a espécie que invadiu o bairro é o maior problema dos moradores.

A química Ecilda Batista, 50 anos, explica que já fez vários pedidos de vistoria à prefeitura, através do 156. A única orientação que recebeu é que é preciso coletar uma amostra da lagarta e levar até o Centro de Controle de Zoonoses de Curitiba. "Não orientaram sobre como manipular o animal". Com medo, ninguém se arriscou a pegar um exemplar.

De acordo com a chefe da divisão de Zoonose da Secretaria de Estado de Saúde, Gisélia Burigo Guimarães Rubio, é nesta época do ano que os animais peçonhentos aparecem mais. Além da lagarta, estão nesse grupo serpentes, aranhas, escorpiões e abelhas. O calor faz com os bichos saiam da toca para buscar alimentos e acasalar. Até o mês de abril, quando as temperaturas começam a diminuir, os cuidados devem ser redobrados. Neste ano, foram 922 registros de acidentes com lagartas em todo o estado. Os atendimentos com aranha-marrom são maiores: 2.688 em Curitiba e região metropolitana e 3.818 em todo o Paraná.

Diferenças

Gisélia explica que é preciso evitar o contato com a lagarta lonomia, com 7 centímetros de comprimento, de coloração marrom, com tons levemente esverdeados. É encontrada em árvores nativas e anda sempre em grupo. O contato com essa espécie pode causar hemorragia, caso não seja feito atendimento médico em até quatro dias após o incidente. "Se encontrar qualquer tipo de lagarta – que também é chamada de taturana, mandaruvá, oruga – é preciso chamar um técnico", avisa. O bicho coletado é enviado para o Instituto Butantã, em São Paulo, para fabricação do soro.

De janeiro a abril ocorreram 21 incidentes em todo o estado com essa espécie de lagarta. No ano passado, houve uma morte em Cle­ve­lândia, na Região Sudoeste do estado. Mesmo sendo um animal sil­­vestre, devido ao desmatamento crescente, a lonomia se adaptou ao meio urbano e vive em árvores frutíferas como pessegueiro, ameixeira, abacateiro, goiabeira e macieira.

Outra espécie comum no meio urbano é a lagarta dirphia (foto). De acordo com a especialista, ela pode medir até 10 centímetros e possui grandes espinhos em forma de um pinheirinho, com tonalidade verde claro. Anda solitariamente ou em pequenos grupos nos troncos das árvores. Assim como todas as lagartas, o contato pode causar dermatite, com dor e queimação, coceira e inchaço.

No interior

Em Apucarana, Norte do estado, os moradores estão sofrendo com a infestação de besouros. Com a destruição da vegetação nativa, insetos se refugiam nas cidades e, além de luminosidade, buscam alimentação e acasalamento. A secretaria municipal orienta a população a jogar os bichos no lixo ou enterrá-los, mas não vê riscos à saúde. "Não há registro nenhum de que traga alguma doença nova ou de algum risco à população. Sequer mau cheiro ele tem. É um preço que estamos pagando pelo desequilíbrio ecológico", afirmou o secretário João Batista Bel­trame. Segundo biólogos, a pior fase da infestação está acabando e a partir dos próximos dias ela deve diminuir.

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