Muito além de debates acalorados e textões intermináveis, as redes sociais também são ferramentas de solidariedade e união. Foi o que o engenheiro Ivo Reck Neto descobriu na prática após recuperar sua bicicleta na última quarta-feira (22) depois de ela ter sido furtada no início da semana. Com a ajuda de centenas de compartilhamentos de desconhecidos no Facebook e em grupos do WhatsApp, ele conseguiu encontrar sua bike e ainda fazer alguns novos amigos.
Tudo começou quando sua bicicleta foi levada no Centro de Curitiba na última segunda-feira do estacionamento da Câmara Municipal, onde trabalha. Acostumado a pedalar pelas ruas da cidade, Reck Neto se surpreendeu ao ver que a bike, avaliada em mais de R$ 6 mil, havia desaparecido. “Comprei em julho, ainda estou pagando por ela”, revela.
O engenheiro conta que chegou à Câmara por volta das 8h e, na pressa, não se preocupou em prendê-la com o cadeado. E não via necessidade para isso, já que o bicicletário fica dentro de um estacionamento fechado e guardado por seguranças. “Como é uma área com guarita e proteção, muita gente deixa sem cadeado mesmo”, destaca. E foi só no fim da tarde que ele notou o furto, quando encontrou outra bicicleta no lugar da sua.
Passado o susto inicial, Reck Neto não pensou duas vezes e decidiu ativar sua rede de amigos. “Não uso muito o Facebook no dia a dia, mas usei a rede porque sei que ela é muito boa e o pessoal da bike é engajado. Então fiz a postagem e marquei pessoas conhecidas”. E foi aí que a roda da solidariedade começou a girar.
Rede de ajuda
Em pouco tempo, o engenheiro já sentiu a força desse engajamento. Com mais de 300 compartilhamentos em apenas 24 horas, as boas notícias logo começaram a chegar. “À noite, amigos e pessoas que eu nem conhecia começaram a me mandar mensagens dizendo que tinham visto minha bike”, conta.
Parte dessa resposta rápida vem do fato de que a bicicleta em questão tinha características bem próprias. “Ela é preta com adesivos laranja e eu tinha acabado de colocar um bagageiro. Ela realmente chama a atenção”. E foi o que aconteceu.
Ele conta que, na terça-feira, recebeu o contato de uma mulher, Angélica, que disse ter visto a bicicleta no Calçadão da Rua XV. Mesmo sem conhecê-la, trocaram contatos. Na noite do dia seguinte, ela ligou para informar que havia acabado de ver novamente a bike, desta vez na Rua Tibagi, também no Centro. Foi então que, com a ajuda de amigos e de uma viatura da Polícia Civil que passava na região, a bicicleta foi recuperada.
“A gente não tem noção do quanto a rede vale. O pessoal usa para falar besteira, fazer textão e criar palanque, mas o potencial é enorme”, pondera o engenheiro. “Curitiba tem essa imagem de que as pessoas não se falam, mas é em casos assim que vê que isso mudou. A Angélica nem me conhece e nem pedala, mas me ajudou muito. Isso mostra que não precisamos desistir da humanidade”, desabafa. “No fim, as pessoas boas aparecem”,
Já em posse de sua bicicleta, o engenheiro diz estar mais cuidadoso. Voltou a pedalar para ir ao trabalho, mas agora se lembra de usar o cadeado. E, apesar do susto, pretende usar a mesma bike para ir até Morretes no feriado — desta vez, com 300 novos amigos na bagagem.



