
Foz do Iguaçu - A prefeitura de Foz do Iguaçu criou uma versão do Big Brother no serviço público de saúde. Cinco câmeras foram instaladas no Núcleo de Saúde e no Pronto-Atendimento do bairro Morumbi, onde são atendidas cerca de 8 mil pessoas ao mês. As imagens são vistas em tempo real pelo prefeito Paulo Mac Donald Ghisi (PDT), diretamente de seu gabinete.
O sistema, instalado há dez dias, permite ao prefeito observar, por meio de um telão, quatro ambientes do posto: a recepção, o relógio-ponto, a enfermaria e a área onde os usuários aguardam atendimento. Quando vê alguma coisa que considera "anormal", Mac Donald liga imediatamente para a unidade. "Um dia vi uma fila exagerada, mais longa do que o normal, liguei para lá. E descobri que faltavam remédios na farmácia e imediatamente foram tomadas providências", conta. As alas onde são feitos atendimentos ou procedimentos médicos não são filmadas, segundo o prefeito.
Com o uso das microcâmeras, a administração municipal pretende melhorar a qualidade do atendimento público na unidade de saúde, onde havia reclamações constantes, além de oferecer segurança aos usuários e funcionários.
Os resultados, segundo o prefeito, já são notórios. Após o início do monitoramento, as reclamações de atendimento no posto, onde funcionários já foram ameaçados, praticamente acabaram. "A hora que a pessoa sabe que está sendo observada e seus atos estão sendo gravados, que não vai ter como divergir com a verdade das câmeras, o comportamento é outro. Tanto por parte do usuário, que não vai ser mal educado, como do funcionário", diz o prefeito.
Como o sistema "big brother" foi implantado recentemente, nem todos os usuários sabem que estão sendo filmados. A secretária Rosicler de Oliveira levou o filho ontem na unidade para fazer um curativo na testa. Ela disse que foi atendida rapidamente e aprovou o uso da câmera. "Acho uma boa ferramenta de trabalho".
A prefeitura pretende instalar pelo menos 170 microcâmeras em outros setores, incluindo creches e escolas. A intenção do prefeito futuramente é possibilitar que os próprios pais acessem, por meio dos computadores de casa, as imagens dos filhos na escola.
Segundo a prefeitura, o custo do sistema não é alto e o dinheiro investido não é remanejado de outros setores essenciais da saúde. Cada câmara instalada no posto custou R$ 250. As imagens chegam ao gabinete por um sistema de internet sem fio que já está funcionando no município.
Apesar dos benefícios contabilizados pela prefeitura, o sistema vem recebendo críticas por ser considerado uma espécie de invasão de privacidade. O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Ricardo Foster, diz que o assunto ainda não foi discutido pelo órgão. Mas, na opinião dele, a questão é polêmica porque, enquanto faltam fraldas descartáveis em alguns postos de saúde, o município gasta o dinheiro nos equipamentos. "Pode ser bom para a segurança, mas não vejo como isso possa melhorar o atendimento. É algo meio coercitivo", diz.



