Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Trânsito

Binário traz barulho e progresso ao bairro Campina do Siqueira

Barulho e velocidade dos veículos na nova pista tiraram o sossego dos moradores da região

Até o fim do próximo mês, as obras nos binários da Rua General Mário Tourinho, no bairro Campina do Siqueira, e da Avenida Santa Bernadethe, no Fanny, ambas em Curitiba, devem estar concluídas. Os trabalhos nas pistas, de acordo com a prefeitura, já estão pelo menos 85% prontos. O tráfego de veículos nas vias já começa a se alterar – o fluxo está melhor e os congestionamentos diminuindo. "São mudanças necessárias. Não tinha como não fazer", comenta o engenheiro de produção Élcio Ricardo de Jesus, 39 anos, morador do Campina do Siqueira desde 1989.

Entretanto, não é só no trânsito que as obras implicam mudanças. A chegada do progresso a essas regiões também faz com que o ritmo da pacata vida dos moradores locais seja alterado. O barulho dos automóveis e a velocidade dos veículos passam a fazer parte do dia-a-dia de quem antes andava pelas ruas e saía da garagem sem grandes preocupações. "Pegaram uma BR e jogaram a rodovia para dentro do bairro. O trânsito é infernal", reclama o técnico em eletrônica Ricardo de Oliveira, 39 anos.

A via a que Oliveira se refere é a Rua Major Heitor Guimarães, que com as alterações no trânsito acaba recebendo todos os veículos que chegam a Curitiba do interior paranaense pela da BR-277 – isso inclui caminhões e ônibus de grande porte. Ele mora e tem uma loja de eletrônica na Rua Engenheiro Serafim Voloschen, perpendicular ao binário e também reformada para ser usada pelos motoristas como saída alternativa para o Bigorrilho e para o Centro. "Tiraram o estacionamento em frente à loja. Os clientes têm reclamado porque têm dificuldade para chegar aqui", afirma Oliveira.

O barulho fez com que o vizinho Élcio de Jesus investisse cerca de R$ 40 mil para reformar a casa e fazer um isolamento acústico. "É extremamente complicado. De segunda a sexta-feira, das 7 às 23 horas, não dá. A reforma é para eu manter a minha qualidade de vida em termos de silêncio", explica o engenheiro de produção. Por outro lado, ele conta que a construção do binário fez com que o bairro ficasse mais movimentado e, conseqüentemente, os imóveis e terrenos valorizassem (leia texto nesta página). "Pode ter valorizado para o comércio. Ninguém quer morar num barulho como este", avalia Oliveira.

A família do construtor Paulo Mendes, 53 anos, morador da Heitor Guimarães desde 1992, foi vítima da alta velocidade. No último dia 30, a mulher de 54 anos e a filha de 27 foram atropeladas em frente de casa. A esposa quebrou a bacia e se recupera na cama. A filha machucou a perna. "Diziam que não precisava. Só colocaram o sinaleiro depois que eu quase perdi minha família. E foi na base do protesto", conta Mendes. O construtor ainda alerta sobre o perigo de grandes veículos saírem da rodovia e não conseguirem subir uma rampa adiante. "O sinal fecha e os caminhões não vencem subir. Um deles chegou a voltar e só não provocou um acidente porque virou em L", lembra.

Comércio

Já os comerciantes da Mário Tourinho aguardam a finalização das obras para que as vendas na região aumentem. "O ano começou bom. A tendência é melhorar", conta o empresário Ernani Fonsatti. Aproveitando as obras na via, o empresário Isaac Ramos Ferreira também resolveu investir para mudar a fachada de sua loja de veículos. "Essa melhoria elitizou a rua. Ela também está mais iluminada. A gente já sentiu que melhorou. A expectativa é de um aumento de 20% nas vendas", afirma Ferreira, há 20 anos no ramo.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.