Brasília O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome propôs a premiação de R$ 204,00 para alunos de 5.ª a 8.ª séries da rede pública que passem de ano. A sugestão integra o plano de renovação do Bolsa Família, cujo carro-chefe é a atualização do benefício para famílias cadastradas.
A premiação anual para alunos, anunciada ontem, substitui outro incentivo que já havia sido cogitado: a concessão de uma poupança para o estudante que termina o 2.º grau. "Acreditamos que o benefício anual seja mais efetivo ", justificou a secretária Nacional de Renda e Cidadania do Ministério, Rosani Cunha. Ela avalia que alunos que estão prestes a completar o 2.º grau já venceram dificuldades importantes e naturalmente têm maiores chances de fechar o ciclo. Já o benefício anual ajuda estudantes ainda no início da vida escolar. "Sem falar que a perspectiva do prêmio, a curto prazo, traz um estímulo maior", completou.
O Ministério ainda não sabe como o governo faria nos estados onde funciona o sistema de ciclos, como São Paulo. Pela proposta inicial, nestes locais o benefício seria concedido de maneira diferenciada. Nenhuma das sugestões, no entanto, está confirmada.
Balanço
Rosani anunciou a proposta do prêmio para aprovação durante a apresentação de um estudo sobre o impacto do Bolsa Família. Realizado em 2005, o trabalho baseou-se na análise de 15.240 famílias, distribuídas em 269 municípios do país. A pesquisa comparou os gastos de grupos cadastrados com famílias "clones" com mesmo perfil econômico mas ainda não incluídas no programa.
A comparação mostrou que, entre famílias de extrema pobreza, com renda per capita de R$ 50,00, beneficiários do Bolsa Família tiveram um gasto anual R$ 485 superior ao de famílias não inscritas no programa.
A maior diferença foi registrada nas regiões Norte e Centro-Oeste: R$ 1.296,87.
Rosani, porém, afirma que a diferença neste caso, não é fruto apenas do Bolsa Família, mas do acúmulo de outros benefícios.
Entre o grupo com renda per capita de R$ 100, a diferença entre beneficiários do Bolsa Família e seus "clones", não foi significativa na média brasileira.
No Nordeste, participantes do programa consumiram R$ 470 a mais do que seus clones.
Estes ganhos, porém, foram neutralizados pelos resultados do Sul/Sudeste.
Nestas duas regiões, famílias que recebem o benefício gastaram R$ 601,60 a menos do que seus "clones".
Este desempenho pior de participantes do programa nas regiões Sul e Sudeste foi registrado também em outros itens, como transportes e despesas diversas. "As causas dessa desvantagem ainda não são conhecidas. Tudo o que dissermos será uma especulação", afirmou o secretário de Avaliação e Gestão da Informação, Rômulo Paes.



