
Tibagi Quem viu a BR-153, a Transbrasiliana, cortando o interior do Paraná no auge do governo militar não imaginava que teria de esperar pelo menos quatro décadas para pisar em asfalto novo. A pavimentação começou em 1997, mas parou por falta de recursos. Recomeçou no fim de outubro do ano passado e ganhou a primeira camada de asfalto há duas semanas.
O trecho de 82 quilômetros entre Ventania e Alto do Amparo, distrito de Tibagi, nos Campos Gerais, é o único não pavimentado da BR-153. A Transbrasiliana é a quarta maior rodovia do país e liga a cidade de Marabá, no Pará, a Aceguá, no Rio Grande do Sul, em 4.355 quilômetros de extensão. A rodovia foi idealizada pelo então presidente Juscelino Kubitschek, no final da década de 50, para ligar o interior do país à futura capital, Brasília.
A abertura do trecho Ventania Alto do Amparo ocorreu em 1967, no governo de Marechal Castello Branco, e aumentou as esperanças de integração dos moradores do Norte Velho ao Sul e Litoral do estado. O sonho ruiu, no entanto, com a falta de infra-estrutura da estrada, que não recebeu manutenção durante 30 anos. O maior símbolo do abandono foi a formação da Vila Monte Cristo, na região de Ventania, onde cerca de 60 moradias foram construídas invadindo a estrada.
Na década de 90, a pavimentação do trecho entre Ibaiti e Ventania ajudou a pressionar o governo federal a autorizar a continuidade da obra. O governo de Fernando Henrique Cardoso liberou a pavimentação em 1997. A empreiteira C.R. Almeida, de Curitiba, que assinou o contrato na época, concluiu a obra em apenas 11 quilômetros e paralisou o serviço, alegando falta de repasse de recursos.
Em março do ano passado, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, anunciou a lideranças políticas dos Campos Gerais que a obra seria retomada. Somente em agosto de 2006, Passos e o ministro Paulo Bernardo (do Planejamento e Gestão), assinaram a ordem de serviço.
O contrato com a C.R. Almeida foi revisado e mantido, e ganhou aditivos. Em 1997, a obra sairia por R$ 20,7 milhões, mas com os reajustes referentes a quase uma década, foi elevado para cerca de R$ 100 milhões. A obra foi dividida em dois lotes. O primeiro (Ventania a Tibagi), com 45,9 quilômetros; e o segundo (Tibagi a Alto do Amparo), com 36,5 quilômetros.
Além da espera pela pavimentação do trecho entre Ventania e Alto do Amparo, existe uma expectativa que o governo federal libere recursos para a abertura da estrada entre Alto do Amparo que termina na BR-376 até Imbituva, hoje cortada pela BR-373. Mas nem o trecho existe nem o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) tem projeto de pavimentação para a ligação.



