O tratoraço organizado por agricultores brasileiros radicados no Paraguai reuniu ontem cerca de 5 mil máquinas, tratores e colheitadeiras às margens das principais rodovias dos três estados do país vizinho que fazem fronteira com o Brasil. A intenção é chamar a atenção do governo vizinho para os conflitos por terra envolvendo produtores e sem-terra. Os manifestantes querem estender a mobilização por tempo indeterminado.Inicialmente concentrada nos estados de Alto Paraná, Itapúa e Canindeyú (os mais ricos do Paraguai), a manifestação deverá ganhar apoio de produtores de outros estados. "A ideia é mobilizar o país todo até que o governo atenda nossas reivindicações. Queremos garantias para produzir, como proteção à propriedade privada e respeito às leis", comentou o presidente da Associação Agrícola de Alto Paraná, Adir Lui.
Os agricultores denunciam a ação de quadrilhas de falsificadores de documentos. "Qualquer um tem na mão o título das terras que estão ocupando. Recentemente entraram na Justiça para constestar um excedente de 12 mil hectares de uma área de 154 mil hectares nesta que é a região mais produtitiva do país", diz o agricultor Aldair Matei, de Santa Rita.
Outra reivindicação é a intervenção do governo brasileiro. "Está instalado um barril de pólvora e é inaceitável que o governo não atue para resguardar os direitos desses brasileiros, que sofrem com constantes atos de invasões de suas propriedades", disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). O embaixador do Brasil em Assunção, Eduardo Santos, vem se reunindo com o governo paraguaio.
Ontem pela manhã, homens da Polícia Nacional começaram a cumprir a ordem judicial para desocupar uma das fazendas do grupo brasileiro Favero na região de Ñacunday, a 90 quilômetros da fronteira com Foz do Iguaçu, ocupada desde abril por 600 sem-terra. Intimados a deixar a área há uma semana, os colonos não resistiram ao despejo. O catarinense Tranquilo Favero é o maior produtor de soja do país.
