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Migração

Brasil está atento à situação dos brasiguaios

Eduardo dos Santos, embaixador do Brasil no Paraguai

 | Ivanir Bortot/AgBr
(Foto: Ivanir Bortot/AgBr)

O Brasil tem fortes relações bilaterais com o Paraguai, principalmente depois da conclusão, na década de 1980, das obras da Hidrelétrica de Itaipu. Mas foi justamente a partir da construção da usina que se intensificou a migração de brasileiros para o país vizinho, estimulados pelo preço e pela qualidade das terras paraguaias.

Hoje, segundo estimativa da Embaixada do Brasil no Paraguai, há 200 mil brasiguaios, o nome que se dá aos brasileiros que fizeram deste país sua casa. Produtores de soja, milho e fumo, muitos brasiguaios passam por problemas, como falta de documentação pessoal e de comprovação da titularidade de terras.

Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Brasil no Para­­guai, Eduardo dos Santos, fala das ações do governo brasileiro para minimizar esses problemas:

O que a embaixada está fazendo para ajudar os brasileiros que vivem no Paraguai e estão com problemas fundiários?

A questão dos brasiguaios envolve dois aspectos: o migratório e o fundiário. Há um grande número de brasileiros aqui que não tinha documentação e sua situação migratória tinha de ser regularizada. Isso foi objeto de muitas negociações no Mercosul, quando foram concluídos acordos prevendo a regularização migratória do status de residência dos migrantes que moram e trabalham na região. Graças à entrada em vigor desses acordos e a decisões políticas dos dois países teve início o processo de regularização migratória dos brasileiros residentes no Paraguai, em 2010. Em uma série de mutirões, já foram documentados mais de 10 mil brasileiros.

Não é um número pequeno diante do número de brasileiros no Paraguai?

Existem cerca de 200 mil brasileiros no Paraguai, mas nem todos estão irregulares. Consta­­tamos brasileiros que estavam no Paraguai há mais de 40 anos e nunca tiveram um documento. Não tinham cidadania, não tinham conta em banco, não podiam comprar um bem. Nós estamos resgatando a cidadania e a dignidade das pessoas que estão aqui e que são imigrantes.

E a questão fundiária, que providências estão sendo tomadas?

A questão fundiária é mais complexa, porque envolve a situação fundiária do país, que não é muito clara. Aqui há muitos casos de superposição de títulos.

Os brasileiros são grandes produtores, mas há também mé­­dios e pequenos, e sem-terra?

Realmente há pequenos e médios produtores, mas os sem-terra são todos paraguaios. Essa é uma questão [a da documentação] delicada aqui no país, que não é tão simples, porque as autoridades do Paraguai consideram que há muitos casos que precisam ser esclarecidos, cujos títulos de propriedade não são facilmente comprováveis. Mas a grande maioria dos produtores brasileiros comprovou seus títulos e os entregou com certidões de propriedade.

Quanto tempo levará para se resolver isso?

A solução para a questão da terra depende muito de quanto o governo paraguaio vai avançar no aprofundamento dessas reformas, das medidas de regularização da propriedade da terra. Envolve uma política de cadastramento rural e de georreferenciamento.

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