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Dia da criança

Brinquedos de sobra? Aproveite para doar

Enfrentando as resistências iniciais dos filhos, pais devem ensinar, desde cedo, como é bom saber dividir

Raquel e os filhos Eduarda e Enzo: da escolha à entrega, crianças participam de todo o processo de doação | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Raquel e os filhos Eduarda e Enzo: da escolha à entrega, crianças participam de todo o processo de doação (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Um boneco era tudo o que a estudante de Direito Raquel da Silva Monteiro, 38 anos, possuía quando era criança. Essa situação se refletiu na educação de seus filhos, que têm muitos brinquedos, mas doam parte deles, todos os anos, para crianças carentes. Eduarda tem 11 anos e desde o seu primeiro aniversário passa por renovações no seu quadro de brinquedos. Enzo completou 5 anos e, apesar de ficar com ciúmes dos brinquedos que vão embora, entende que eles levarão alegria para outras crianças.

"Eu vejo o quanto é bom ter muitos brinquedos e me lembro de como eu me sentia triste por ter apenas um. Meus filhos participam do processo de doação desde a seleção daqueles que não são mais usados até a entrega, na escola, hospital ou associação do bairro."

As atividades pró-sociais, feitas em função dos outros, ajudam a evitar que a criança tenha um comportamento anti-social no futuro. "Aprender a dividir é muito importante. No caso das doações de roupas e brinquedos, os filhos têm de fazer parte do processo, pois não adianta a mãe separar as coisas sozinha", afirma a professora Lídia Weber, pós-doutora em Psicologia da Família. Segundo ela, além do ato humano, a doação de brinquedos é uma questão de educação preventiva psicológica, emocional e espiritual. "É comum a criança resistir no início, mas é preciso dar tempo para que ela vá se acostumando com a idéia e se envolvendo no processo."

A doação de brinquedos no dia das crianças é uma boa oportunidade para pais e filhos se aproximarem. Essa relação familiar pode ser mais valiosa do que o ato de dar e receber presentes. "Hoje o melhor presente que pode ser oferecido é a presença e a atenção. Esse é um dia em que se celebra a existência dos filhos e a infância." Lídia sugere que os pais chamem seus filhos para atividades que crianças costumam apreciar, como piquenique no parque ou acampamento feito com lençóis no meio da sala. A opinião da psicóloga é confirmada por uma pesquisa do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Questionadas sobre "o que gostariam que os pais fizessem mais", as crianças indicaram atenção, carinho, passeios, união familiar e ajuda na lição de casa como prioridades. "Sempre, nos melhores momentos, temos alguém do lado e ações simples e próximas bastam às pessoas", diz.

Segundo a mestre em educação Maribel Manfrin Rohden, professora da disciplina de Educação Infantil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), os pais passam muito tempo trabalhando para tentar garantir o seu futuro e o dos seus filhos, mas esquecem de pensar o quanto os filhos perdem com a falta da presença deles. "Crianças perdem quando há menos interação e proximidade com os outros. Ela precisa se relacionar e se sentir amada, o que não acontece com a mera oferta de presentes", diz.

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Consumo consciente

A psicóloga Telma Fontoura dá as dicas para que os pais possam ajudar seus filhos a entender o processo do consumo e como lidar com o dinheiro.

- Ao fazer compras, explicar que o dinheiro que se pretende gastar é suficiente para comprar algumas coisas e não tudo o que a criança quer. Se ela insistir, a resposta deve ser clara e objetiva.

- Em uma loja de brinquedos, não esperar a criança pedir para dizer que aquilo ela não pode ter. O ideal é pedir ao vendedor para mostrar quais são as opções dentro de determinada faixa de preço.

- Tomar cuidado para não deixar que a falta de dinheiro ou limitações de compras se torne uma angústia para a criança. Se ela insistir em algo que está fora do poder aquisitivo da família, outras opções podem ser oferecidas.

- Ser um bom exemplo é fundamental. As crianças também aprendem observando o comportamento dos pais. Se forem consumistas, não adianta cobrar controle dos filhos.

- Mostrar como funciona o dinheiro, que todos trabalham para consegui-lo e o que pode ser adquirido em troca dele, pode ajudar a criança a entender o processo do consumo.

- A mesada é uma boa idéia a partir dos 8 anos.

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