
O goleiro Bruno Fernandes admitiu ontem que sua ex-amante Eliza Samudio, de 24 anos, foi assassinada e teve o corpo esquartejado e jogado para cães comerem pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Em seu depoimento no julgamento que é realizado desde segunda-feira no Fórum de Contagem (MG), o jogador alegou que não tinha conhecimento prévio do crime e que a execução da jovem foi tramada pelo seu braço direito e amigo de infância Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. O julgamento continua hoje.
O jogador, porém, assumiu que se beneficiou da morte e que poderia ter evitado que ela ocorresse. "Não sabia, não mandei, mas aceitei", disse o goleiro, referindo-se ao assassinato.
O atleta foi o primeiro dos nove acusados do caso a acusar nominalmente Bola, que responde a outros processos por assassinato, inclusive com ocultação de cadáver, como é o caso de Eliza, morta em 10 de junho de 2010 e cujo corpo nunca foi encontrado. Bruno até então negava a morte da ex-amante, que exigia dinheiro do jogador por causa do filho que tiveram e que hoje está com a mãe da vítima, Sônia Fátima de Moura.
Macarrão também havia confessado que Eliza foi assassinada durante julgamento realizado em novembro, mas afirmou que Bruno foi o mandante do crime, assim como do sequestro e cárcere privado da jovem.
A estratégia do goleiro, além de tentar se livrar da acusação de ter planejado e ordenado a execução do crime, é conseguir uma redução da pena, como ocorreu com Macarrão, que foi condenado a 15 anos de prisão, sendo 12 em regime fechado. Pelo Código Penal, uma acusação de homicídio triplamente qualificado como o deste caso pode render até 30 anos de cadeia aos réus.
O depoimento de Bruno começou no início da tarde e, por quase três horas, o goleiro respondeu às perguntas feitas pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o Tribunal do Júri do Fórum de Contagem. Quando relatou os últimos momentos de Eliza, Bruno interrompeu o depoimento várias vezes chorando e disse ter ficado "desesperado" e "com medo de tudo que aconteceu".
O resto do tempo ele permaneceu de cabeça baixa e, por orientação do advogado Lúcio Adolfo da Silva, em silêncio. Inclusive diante das 40 perguntas feitas pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos, responsável pela acusação.



