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A baixa visibilidade causada pelo mau tempo prejudica o trabalho de buscas da Aeronáutica pelo avião da Air France que caiu no oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. No quinto dia de operação, nenhum pedaço pertencente à aeronave foi recolhido do mar e não há sinal de corpos, informou a FAB nesta sexta-feira (5).

"A situação meteorológica na área está bastante ruim. Hoje temos muita chuva, visibilidade baixa", afirmou a jornalistas o brigadeiro Ramon Borges Cardoso, diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB).

"A meteorologia da área está bastante prejudicada."

"Inclusive no voo do R-99, mesmo as informações de radares foram prejudicadas devido à meteorologia", acrescentou. Segundo o brigadeiro, apesar disso as buscas continuam concentradas em cinco áreas "onde a visibilidade está um pouco mais adequada".

Para a Marinha, que conta com três navios buscando os destroços do Airbus A330, o mar está "bastante calmo". De acordo com o almirante Edison Lawrence Dantas, comandante do 3º Distrito Naval, segundo convenções, o estado do mar varia de 0 a 12 em termos de intensidade do vento.

"O estado do mar reinante desde segunda-feira é estado 1 ou 2, que é bastante calmo", afirmou.

Segundo oficiais das duas forças, nada do que foi recolhido do mar por enquanto pertencia à aeronave da Air France, que desapareceu na noite do domingo.

O brigadeiro Cardoso disse que a Aeronáutica voltou às mesmas áreas de buscas onde já tinham sido avistados alguns destroços para que os navios sejam direcionados a esses locais. Os destroços serão levados para Recife, onde ficarão à disposição das autoridades francesas que investigam a queda.

Segundo o brigadeiro, está confirmado que uma "mancha de querosene, a poltrona e alguns pedaços da aeronave que faziam parte de uma área de aproximadamente 3 quilômetros de destroços onde havia fiação e parte interna da aeronave" avistados pelos aviões de busca realmente fazem parte da aeronave.

Um alerta feito pela Airbus a companhias aéreas sobre como proceder caso sejam percebidas falhas nos indicadores de velocidade sugeriu que um eventual defeito técnico pode ter sido preponderante no acidente.

Mensagens de emergência enviadas durante três minutos antes da queda indicam que havia uma inconsistência entre diferentes velocidades aferidas pelos instrumentos logo depois que o avião entrou em uma zona de tempestade.

O ministro da Defesa francês, Herve Morin, informou que um submarino nuclear francês equipado com sonar vai ajudar nas buscas e a procurar as caixas-pretas do avião, que são vistas como fundamentais na investigação. Um navio francês equipado com um minisubmarino não-tripulado deve chegar no domingo à região, que tem profundidade de até 3.000 metros.

No total, a FAB tem à disposição 12 aeronaves, além dos três navios e um helicóptero da Marinha.

Busca por corpos

Durante visita à Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou homenagem de 1 minuto de silêncio às vítimas do acidente. De acordo com a FAB, fica a cada dia fica "mais remota" a possibilidade de se encontrar corpos.

"Os destroços que foram localizados (desde o início das buscas) não foram recolhidos, porque tínhamos a prioridade de buscas de corpos e sobreviventes. Como essa possibilidade, tanto de sobreviventes como de corpos, fica cada vez mais remota, nós passamos agora a fazer a busca e o recolhimento do material que for encontrado", explicou.

A ausência de sinais da existência de corpos no mar tem intrigado as equipes de resgate, segundo fonte envolvida na operação.

Até o momento, disse a fonte sob a condição do anonimato, trabalha-se com duas hipóteses. A primeira é que a maioria dos passageiros estaria presa ao avião, uma vez que o piloto deve ter recomendado o uso do cinto de segurança quando a aeronave entrou em uma área de turbulência.

"Uma hipótese é que eles estejam atados com o cinto de segurança, presos à carcaça do avião no fundo do mar", explicou.

Dois fatos reforçam essa linha de pensamento. Em geral, os destroços avistados são pequenos, e apenas uma poltrona foi localizada nas buscas.

A outra hipótese considerada por militares, nos bastidores, foi explicitada pela primeira vez pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que lembrou a existência de tubarões na região.

"A fauna marítima lá é muito rica, o que atrai tubarões para a região. É uma área de muito tubarão", comentou a fonte.

Um grupo de familiares desembarcou nesta sexta-feira em Recife e foi até a Aeronáutica para receber detalhes sobre as operações de busca.

O voo AF 447 tinha 216 passageiros de 32 nacionalidades, incluindo sete crianças e um bebê. Segundo a Air France, 61 eram franceses, 58 brasileiros e 26 alemães. Dos 12 tripulantes, um era brasileiro e os demais franceses.

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