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Multimídia | Reprodução/Globo
Multimídia| Foto: Reprodução/Globo

Depois de um ataque a um cachorro vira-lata durante o último carnaval, a prefeitura de Curitiba decidiu pela retirada dos três jacarés que "residem" no lago do Parque Barigüi – dois da espécie papo-amarelo e um do pantanal. Entretanto, freqüentadores do parque ainda avistam com freqüência os animais.

"Só esta semana eu vi ele três vezes. Sempre no mesmo local", conta o economista Arthur Suplicy de Lacerda, 55 anos. "Eu vi ele nesta semana", garante a psicóloga Ana Lúcia Abdo, 49 anos. A prefeitura confirma: os jacarés ainda estão lá, mas não por muito tempo.

De acordo com o diretor do departamento de zoológico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Marcos Traad, os répteis só não foram retirados do lago do Parque Barigüi por um "problema operacional". "Não conseguimos capturá-los ainda. Tentamos uma armadilha, mas eles não entraram nela", explica.

Segundo ele, funcionários da secretaria têm acompanhado diariamente os hábitos dos animais e tentam buscar a melhor forma de atraí-los para a armadilha. "Tentamos capturá-los com frango, mas, agora, percebemos que eles preferem um cardápio com vísceras", exemplifica Traad.

Por enquanto, está 1 a 0 para os jacarés. Mesmo conhecendo o hábito dos répteis urbanos, daqui por diante, os "caçadores" vão penar para virar o placar. É que com o clima cada vez mais frio, a tendência é que os animais fiquem menos ativos e passem a maior parte do tempo no fundo do lago.

A temperatura, porém, pode ser aliada no jogo. "Se ele for encontrado, será mais fácil capturá-lo, pois ele fica menos ativo (no inverno)", explica o médico veterinário e professor de clínica de animais selvagens da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Ricardo Vilani.

De acordo com Vilani, há métodos mais rápidos para a captura do que a armadilha. Para o professor, a operação teria de ser realizada durante a noite, com um barco, um laço ou um cambão (haste com um laço na ponta). "Quando ele for localizado, joga-se uma luz e ele pára de se movimentar. Aí é só utilizar um laço ou cambão", explica. Segundo ele, basta amarrar a boca, o rabo e içar o animal para o barco.

Para os freqüentadores do Barigüi – cerca de 30 mil nos fins de semana de verão – os jacarés daqui a alguns meses vão mesmo virar lenda. A transferência de dois deles já está definida. O jacaré do papo-amarelo mais velho, que vive há cerca de 20 anos próximo às instalações da antiga olaria, vai ser transferido para o zoológico da cidade.

O outro jacaré da mesma espécie, que vive na ilha ao lado do salão de atos, vai ser levado para o criadouro comercial Fazenda Santa Fé, no interior de São Paulo. Na nova casa, o réptil "curitibano" terá uma nova função. "Como pertence à natureza ele não poderá ser vendido ou abatido. Ele poderá servir apenas como reprodutor", explica a coordenadora do Núcleo de Fauna e Recursos Pesqueiros do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis no Paraná (Ibama-PR), Eunice Souza. Os encargos do transporte ficarão por conta do criadouro.

Suspeito

O terceiro, o jacaré-do-pantanal, que ocupa o pequeno lago situado ao lado da pista de caminhada e próximo a alguns bares do parque, ainda não tem destino certo, embora tenha sido ele o provável pivô de toda a polêmica. Suspeita-se que foi este o jacaré responsável pelo ataque ao cão durante o carnaval deste ano.

Segundo Eunice, o Ibama estuda a possibilidade de transferi-lo para um criadouro comercial ainda não definido no Mato Grosso. Entretanto, a proposta esbarra em alguns problemas. "O transporte teria de ser aéreo e pago pela prefeitura de Curitiba. Por ser caro, os criadores de lá não têm interesse em levar o animal daqui. E o criadouro de São Paulo não tem licença para ter esta espécie", explica ela.

De acordo com o Ibama, o jacaré-do-pantanal que vive no Barigüi é o único que não possui licença para ser capturado, por ainda não possuir destino definido. "Assim que for decidido, a licença será expedida", diz Eunice.

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