Casos de envenenamento de animais domésticos estão se tornando comuns em Curitiba. Como a maioria das ocorrências não chegam a ser registradas, não há estatísticas oficiais. Entrentanto, ao menos três bairros tiveram casos graves recentemente: Jardim das Américas, Cristo Rei e Juvevê.
No Jardim das Américas, só em fevereiro cerca de 20 animais, entre cachoros, gatos e passarinhos, foram mortos. A suspeita é de que todos ingeriram estricnina, veneno para matar ratos. "Os clientes não pediram que eu mandasse fazer o exame, mas pelos sintomas é estricnina, veneno que, dependendo da quantidade, pode matar na hora", afirma o médico veterinário Jorge Schemiko, que atendeu cinco dos casos de envenenamento da região.
Segundo Schemiko, o perigo se estende também ao ser humano, principalmente às crianças pequenas. "Todo dia faço uma inspeção no meu jardim. Tenho medo de que meu neto de três anos acabe ingerindo um desses bolinhos de carne envenenados que andam jogando em nossos quintais", declara Margarida Carstens, de 52 anos.
Em casos como esse, o suspeito é geralmente um vizinho que não gosta de animais de acordo com o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, a pena pode chegar a um ano de prisão. Os moradores, no entanto, ficam com medo de acusar sem provas. "Cachorros de vários vizinhos morreram. O meu não, mas recebi uma carta anônima ameaçadora", conta o aposentado Victorino Corrêa, de 68 anos.
William Scheffmacher, 7 anos, perdeu um cachorro que ele costumava chamar de Totó. O cão do garoto tinha a mesma idade dele. Desde que perdeu o animal de estimação, o menino chora quase todos os dias. "Uma pessoa dessa é capaz de matar um ser humano", indigna-se a mãe do menino, Gersi de Fátima Scheffmacher.
O aposentado Rodolfo Amend, 70 anos, e o vizinho Edison Luiz Olesko, 53 anos, chegaram a registrar um boletim de ocorrência no 6.º Distrito Policial. Mas até agora não obtiveram resposta. "Meu poodle morreu e minha fila ficou internada três dias. Depois daquilo ela nunca mais foi a mesma. Além da tristeza que sentimos, tem o gasto", conta Amend, que teve quase R$ 400 de despesa para tentar salvar o cachorro.
Outros bairros
No bairro Cristo Rei, os moradores das imediações da Praça Jardim Ambiental I também enfrentam problema semelhante. Há três anos, o comerciário Paulo César Müller, 53 anos, perdeu um cão lhasa. "Esses casos continuam acontecendo até hoje", diz.
Segundo Müller, ninguém tem provas, mas as vítimas suspeitam de um vizinho que já foi visto depositando ração nas imediações da praça. A professora de inglês Silvana Bordignon, que mora na região, está indignada com a quantidade de casos. "Só nos últimos 15 dias, quatro cachorros morreram. Chegamos a pensar que poderia ser algum tipo de veneno que a prefeitura coloca na praça, mas suspeitamos desse vizinho", diz.
No Juvevê, a história se repete. Nos últimos quatro meses pelo menos quatro animais morreram vítima de envenenamento. A presidente da ONG SOS Bicho e moradora da região Rosana Vicente Gnipper relata que a necropsia em um dos animais detectou que o veneno utilizado é o "chumbinho", feito à base de um implemento agrícola. "Se a pessoa se incomoda com os animais, converse com o vizinho ou faça uma denúncia. Mas matar é crime", ressalta.



