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Dignidade

Cai número de novos “escravos” resgatados no PR

Número de trabalhadores resgatados em condição de escravidão caiu de 61 para 14 no estado, diz o Ministério do Trabalho

Extração de madeira e produção de carvão teve maior número de trabalhadores resgatados | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Extração de madeira e produção de carvão teve maior número de trabalhadores resgatados (Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo)

Três trabalhadores passaram um período de quatro meses em 2014 dividindo uma barraca de lona mantida em pé por pedaços de pau. Sem luz e colchões, o grupo preparava seus alimentos em uma fogueira, buscava água de uma nascente, não tinha banheiro e estava a 25 quilômetros do núcleo urbano mais próximo, situado na cidade de Mangueirinha, no interior do Estado.

Esse é um exemplo de como vivem os trabalhadores que são resgatados de condições análogas à escravidão. Na comparação entre 2013 e 2014, esse número diminuiu de 61 para 14 trabalhadores no Paraná, segundo um levantamento divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 28 de janeiro, dia nacional de combate ao trabalho escravo.

Madeira e carvão

Do total de resgatados no Paraná, 13 saíram de operações comandadas pelo auditor fiscal Maurício Pavesi na área rural, especialmente em atividades ligadas à extração de madeira e à produção de carvão vegetal. Além disso, foram registradas pelo Ministério Público 75 denúncias de trabalho análogo à escravidão em 2014, contra 63 no ano anterior. Desse total, 25 resultaram em termo de ajustamento de conduta, em que o empregador é obrigado a indenizar o trabalhador.

Para Pavesi, no entanto, a quantidade de resgatados poderia ser bem maior, assim como o número de operações, caso o efetivo de auditores aumentasse. "O número reduzido de auditores fiscais do trabalho compromete a fiscalização. Várias operações que realizamos foram frustradas porque os infratores desmontaram a atividade antes de chegarmos", afirma.

Rixa atrapalha

O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Gláucio Araújo de Oliveira, afirma, ainda, que rixas entre o superintendente regional do Trabalho, Neivo Beraldin, e os órgãos parceiros estão impedindo resultados melhores. "Nossa relação deveria ser próxima devido à interdependência entre a fiscalização e o Judiciário. Mas não converso com ele há mais de um ano", diz.

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), por exemplo, já encaminhou ao Ministério do Trabalho e Emprego dois pedidos de exoneração de Beraldin, alegando interferências ilegais e indevidas. Procurada, a Superintendência Regional do Trabalho não comentou o assunto.

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