
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa precisa de 110 litros de água tratada por dia para satisfazer com conforto suas necessidades básicas de consumo e higiene. No entanto, entre as dez maiores cidades do Paraná, em três delas o gasto per capita do precioso líquido está acima do índice recomendado. Informações da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), levantadas com exclusividade para a Gazeta do Povo, mostram que Londrina, Maringá e Curitiba nesta ordem são os municípios mais gastadores de água, com taxas de consumo médio domiciliar per capita de 121,79, 121,60 e 115,61 litros ao dia, respectivamente. Os valores referem-se ao período entre julho de 2010 e julho de 2011.Ao analisar as séries dos últimos seis anos, percebe-se que não há grandes alterações no ranking. De acordo com Péricles Weber, diretor de Meio Ambiente da Sanepar, de modo geral, o aumento do consumo de água está atrelado a variáveis climáticas e socioeconômicas. "Londrina, onde faz calor, tem uma média de consumo maior que Curitiba: cidade mais fria, mas com alto poder aquisitivo, o que compensa uma possível diferença", analisa. A localização na mesma região geográfica (Norte do Paraná, com maior incidência de sol) explicaria, por exemplo, além do primeiro lugar de Londrina, a vice-liderança de Maringá e a quarta colocação de Apucarana mesmo esta última tendo a menor população entre as dez cidades.
Renda
Por outro lado, municípios como Colombo (68,14 litros de água ao dia por habitante), na região metropolitana da capital, teriam baixo consumo justamente por causa da faixa de renda mais modesta de boa parte da população. "Uma pessoa que tem apenas um banheiro em casa, não tem carro para lavar ou tem um jardim pequeno tende a gastar menos", explica Weber. O engenheiro ambiental Altair Rosa, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), concorda. Segundo ele, além do calor, Londrina e Maringá também têm como diferencial serem cidades de pujança econômica. "As pessoas estão buscando casas maiores, consequentemente com maior demanda de água", reitera. No entanto, para o especialista, outros fatores podem influenciar o consumo: crescimento populacional; aumento do número de ligações hidráulicas; e conscientização (ou não) da população para evitar o desperdício.
De acordo com o geólogo Everton Souza, diretor do Instituto das Águas do Paraná, algumas cidades estão em situação mais confortável em relação à disponibilidade hídrica. É o caso de Londrina, abastecida majoritariamente pelo Rio Tibagi, que naquele trecho é volumoso. "A bacia do Tibagi é capaz de produzir 186 mil litros de água por segundo, enquanto que a bacia do Rio Pirapó (manancial de Maringá) produz 30 mil litros por segundo", compara. No entanto, diz Souza, água em abundância não significa necessariamente água de qualidade. Segundo ele, os recursos hídricos, muitas vezes, estão sujeitos à poluição, o que restringe o uso dos mananciais. Por causa disso, há necessidade de se usar com racionalidade a água disponível para consumo.
PR tem bom consumo
Apesar de algumas regiões do estado terem baixa disponibilidade hídrica para o abastecimento público caso de Curitiba e região, onde os rios são pequenos e a população é grande , a oferta de água no Paraná é considerada boa. Na média, o consumo per capita das cidades paranaenses é de 98 litros ao dia. "Claro que nosso problema não é quantidade, e sim a deterioração da qualidade dos mananciais, o que, muitas vezes, faz com que tenhamos de buscar água mais longe. Temos vários rios em Curitiba de onde se tirava água. Hoje não dá mais", explica Péricles Weber, da Sanepar.
Segundo ele, poupar água, mesmo em uma situação confortável como a nossa, traz reflexos positivos do ponto de vista ambiental e econômico. "Quanto mais água você consumir, mais esgoto você gera e, por melhor que seja o tratamento [do efluente], maior o impacto ambiental. São necessários mais pontos de captação e é mais água para se tirar da natureza", esclarece. Além disso, prossegue Weber, quanto mais se capta água dos rios, maiores são os investimentos no processo de captação, tratamento e distribuição, diminuindo os recursos disponíveis para a coleta e tratamento de esgotos, por exemplo. E mais: nesse contexto, a tendência é que a conta de água fique mais cara.
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