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A previsão de tempo seco até o final de agosto elevou a perspectiva de quebra da safra de trigo, que no início deste mês já estava em 20%. Segundo técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), a cultura foi a mais afetada pela estiagem no estado. Em seguida vem o milho, com 13% de quebra.

Se, por um lado, a falta de chuva prejudicou algumas culturas, por outro o tempo quente e seco deste inverno fez bem à cana-de-açúcar e ao café. As atuais vedetes do agronegócio paranaense tiveram aumento de produtividade de 25% e 50%, respectivamente, em relação ao ano passado, e se beneficiam, em qualidade do produto, com a escassez de água. A produção deve ficar em 2,16 milhões de sacas de 60 quilos de café, já com 69% da área colhida, e 35 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com 25% da área colhida.

É, portanto, o produtor de grãos, novamente, o mais afetado pela falta de chuva. "O agricultor de grãos sofre há três anos, com a estiagem e com preços baixos", diz o chefe do Deral, o agrônomo Paulo Meira. "Mesmo com a situação desfavorável, a produção total de grãos da safra 2005/2006 foi 6% superior à anterior, sinal da profissionalização do setor", completa. Segundo os dados mais recentes do Conab, o Paraná mantém a liderança nacional da produção de grãos, com 20% do total.

As perspectivas de quebra da safra de trigo, no entanto, não devem prejudicar o abastecimento do produto no país, que continuará importando cerca de 60% das 10 milhões de toneladas que consome. No Paraná, a área plantada foi 10% menor do que previa o Deral, com 900 mil hectares. A previsão de produção foi reduzida, de 2,23 milhões de toneladas para 1,79 milhão, 36% menor que no ciclo passado que, apesar da quebra, chegou a 2,8 milhões de toneladas.

A safrinha de milho, menos afetada pela estiagem, deve ficar, segundo o Deral, em 3 milhões de toneladas. A área colhida já chegou a 26% esta semana. "O resultado, no entanto, deve ser bem melhor do que no ano passado, quando a seca chegou antes e a produção não atingiu 2 milhões de toneladas", diz a engenheira agrônoma do Deral Margorete Demarchi. A área plantada de milho safrinha também foi maior este ano, 968 mil hectares, mas continua abaixo do que vinha sendo praticado no estado – 1 milhão de hectares.

Como o tempo não deve mudar até o fim de agosto, conforme previsão do meteorologista Reinaldo Kneib, do Simepar, as estatísticas do Deral devem se confirmar. Os preços também não devem sofrer alterações, a não ser que haja surpresa na safra americana (leia mais no quadro acima). "Os preços devem continuar baixos porque agora todo mundo vai vender a produção. Depois de setembro talvez melhore um pouco. O importante, nessas horas, é o produtor procurar, com informações, a melhor hora de vender", completa Margorete.

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