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Para testemunhas e sobreviventes do acidente, a tragédia não será esquecida tão cedo. O casal Hilda e Ricardo Silva, ambos com 47 anos, proprietários de uma banca de revistas na Praça Tiradentes, escaparam por pouco do ônibus descontrolado. "Um metro e meio é o que vale a nossa vida", lembra, emocionado, Silva.

Se o ônibus tivesse desviado essa distância, o casal poderia ter morrido. Hilda diz que está com medo. Qualquer barulho é sinônimo de perigo. O marido afirma estar em choque. Para Silva, 99% de chance de ter sido uma falha mecânica. "O ligeirinho é o último estágio da carreira de um motorista. Ele deveria ser bem preparado".

Silva foi um dos homens que ajudou a arrebentar a porta do ônibus. "Com o estrondo e o barulho de arrasto – minha mulher pensou até em terremoto – resolvi correr para a [Rua] Monsenhor Celso, mas quando virei as costas e vi diversas mãos batendo na janela do ônibus, não pensei duas vezes, voltei". Ele e mais três homens foram os heróis da hora até a chegada do atendimento médico, lembra a mulher, com orgulho.

A operação foi rápida. As pessoas que podiam caminhar eram abraçadas pela cintura e retiradas do ônibus. Depois de passado o incidente, Silva relembrou todas as tragédias já vistas na televisão. Mas, a vida tem que continuar e o casal abriu a banca como faz todos os dias. A curiosidade da população sobre o assunto fez os jornais esgotarem rapidamente na banca.

Feridos

Ontem, das 32 vítimas que foram levadas para os hospitais Evan­gélico, Cajuru, Trabalhador e Angelina Caron, duas continuavam internadas: Claudete Pimentel da Silveira, 30 anos, e Maria Inês Marcondes, 42 anos. Maria Inês foi operada no Cajuru na tarde de quinta-feira por causa de fraturas nas pernas. Segundo a assessoria do hospital, ela passa bem.

Para Claudete, a sensação é a de ter nascido de novo. Com ferimento na coluna, ela aguarda resultados de exames. A auxiliar de enfermagem lembra que tinha acabado de entrar no veículo e sentou na segunda fileira atrás do motorista. Estava indo para casa, em Colombo, depois de ter pago algumas contas no Centro. "Ia ouvir música no celular, mas não deu tempo. Quando ele saiu, já foi batendo. Tentei me segurar, mas era muito rápido. Só pensei: Meu Deus, esse motorista está louco!".

A professora de educação infantil Tatiana Soares Ribeiro, 25 anos, recebeu alta ontem do Hospital Cajuru. Com uma fratura na clavícula, diz sentir muitas dores. Estava no ônibus desde o Terminal da Cidade Industrial (CIC) e seu destino era o Terminal do Cabral. Sentada nos últimos bancos, estava cochilando na hora da troca dos motoristas na Praça Tiradentes. "Quando ele bateu no carro, acordei. Ele virou o ônibus e acelerou. Um passageiro avisou que ele não ia conseguir vencer a curva. Quando vi, já estávamos dentro da loja. Cai por cima de algumas pessoas e fechei os olhos, com medo. Pedi a Deus que tivesse misericórdia de mim, não era o momento de eu morrer", conta. Quando ela percebeu que a porta estava sendo aberta, pediu socorro. "Sentei na calçada e orei. As pessoas ao meu redor estavam assustadas em choque".

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