Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Caso Isabella

Casal Nardoni é condenado pela morte de Isabella

Alexandre Nardoni irá cumprir 31 anos de reclusão e Anna Carolina Jatobá 26 anos de reclusão. Jurados responderam duas séries de quesitos para cada um dos réus. Sentença foi lida pelo juiz Maurício Fossen às 0h25

Manifestante segura cartaz em agradecimento ao promotor Francisco Cembranelli que conseguiu punir o casal Nardoni: houve queima de fogos fora do Fórum de Santana | Evelson de Freitas / Agência Estado
Manifestante segura cartaz em agradecimento ao promotor Francisco Cembranelli que conseguiu punir o casal Nardoni: houve queima de fogos fora do Fórum de Santana (Foto: Evelson de Freitas / Agência Estado)

O conselho de sentença decidiu na madrugada deste sábado (27) pela condenação dos réus Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. A sentença foi lida pelo juiz Maurício Fossen, às 0h25, no 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo. Os dois terão de cumprir a pena em regime fechado.

Para o juiz houve frieza emocional do casal, que atacou a vítima de forma covarde. O casal Nardoni foi denunciado pelo Ministério Público pela prática de homicídio triplamente qualificado, usando meio cruel e que dificultou a defesa da vítima, e fraude processual. O crime é agravado ainda por tratar-se de uma menor de 14 anos de idade. Alexandre Nardoni irá cumprir 31 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão e Anna Carolina Jatobá 26 anos e 8 meses de reclusão. O número de anos a que os réus foram condenados é igual a idade que eles têm hoje. Ela, nascida em novembro de 1983, e ele, nascido em junho de 1978.

Os dois foram condenados também a 8 meses de prisão em regime semiaberto e pagarão 24 dias de multa pela acusação de fraude processual. A prisão preventiva foi determinada para manter a ordem pública até novo julgamento.

Reação

Durante a leitura da sentença de condenação, Alexandre Nardoni, pai da garota Isabella, e Anna Carolina Jatobá, madrasta da menina, choraram. Nardoni baixou a cabeça, secou os olhos e o nariz e manteve a postura de derrota. Jatobá ficou com a cabeça encostada na parede. Abaixou a cabeça no final da sentença e chorou. O pai de Alexandre, Antonio Nardoni, ficou abraçado à filha Cristiane.

Os avós maternos de Isabella e os dois irmãos da bancária Ana Carolina Oliveira, mãe da garota, acompanharam de mãos dadas a leitura da sentença do casal Nardoni dentro do plenário. Fazia também parte da corrente a autora de novelas Gloria Perez. Assim que o juiz Maurício Fossen disse que os dois estavam condenados, um dos irmãos de Ana Carolina abaixou a cabeça para trás e deu um sorriso. Os avós ficaram com olhos cheios de lágrimas. Na plateia, pelo menos uma pessoa também ficou emocionada e chorou.

Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, ficou sabendo do resultado do julgamento por uma mensagem no celular. Segundo o promotor Francisco Cembranelli, a assistente de acusação Cristina Christo enviou a mensagem assim que a sentença foi lida, pois Ana Carolina estava ansiosa para saber a decisão.

A sentença foi comemorada com fogos, palmas e gritos pela multidão que aguardava o anúncio do lado de fora do Fórum de Santana. A queima de fogos durou pelo menos três minutos. A multidão gritava: "condenados!", "condenados!" Em seguida, passaram a gritar: "Cembranelli!", "Cembranelli!". De acordo com a Polícia Militar, cerca de 300 pessoas estão em frente ao fórum. A polícia teve de jogar gás de pimenta para afastar à multidão que se aglomerava em volta do camburão que levava o casal Nardoni embora do Fórum de Santana. Os réus deixaram o fórum a 1h.

Eles foram levados de volta à prisão no carro oficial da Secretaria de Administração Penitenciária. A avenida diante do Fórum de Santana teve de ser interditada, pois foi ocupada pela multidão. Os carros fechados da SAP tiveram grande escolta policial.

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, a defesa do casal Nardoni já entrou com recurso contra a condenação pela morte da menina Isabella Nardoni, em 29 de março de 2008.

Votação

O promotor Francisco Cembranelli afirmou que o juiz Maurício Fossen decidiu interromper a votação dos jurados quando a contagem chegou a quatro votos favoráveis à condenação do casal Nardoni. Por isso, não é possível afirmar que os réus foram condenados por unanimidade. O objetivo da interrupção pelo juiz, segundo o promotor, foi garantir o sigilo dos votos de cada jurado.

Promotor ressalta trabalho de equipe; defesa diz que o "brilho da noite" foi de Cembranelli

O promotor de acusação Francisco Cembranelli concedeu entrevista às 1h10 deste sábado e ressaltou o trabalho da equipe de peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil que foram muitas vezes injustiçados. "Procurei ressaltar o trabalho de todos profissionais que se esforçaram, alguns que foram muito injustiçados nesse últimos dois anos", disse ele. "O mais importante foi o trabalho pericial, realizado com bastante critério e eficiência", frisou.

Ele ressaltou também que sua confiança "era total". "Tudo foi feito para se obter êxito. A certeza que eu tive sempre foi total. Nada me abalou."

O promotor falou também sobre uma possibilidade de reversão da pena imposta ao casal Nardoni. "Agora eles devem cumprir a pena que lhe foi imposta. Eu não acredito em modificação". "A pena eu sempre deixei a critério do juiz. Ela foi adequada e de acordo com a conduta praticada."

O advogado de defesa do casal Nardoni, Roberto Podval, não deu entrevista e limitou-se a dizer "que o brilho da noite ficava para o promotor Francisco Cembranelli."

Quesitos estabelecidos pelo juiz

Duas séries de quesitos foram respondidas pelos jurados para cada um dos réus – Alexandre Nardoni e Anna Jatobá: uma para o crime de esganadura e outra para politraumatismo.

Eles responderam perguntas para decidir sobre a condenação de Alexandre, tais como: "O politraumatismo procovou a morte?", "Alexandre deixou de socorrer quando alguém esganava?", "Foi Alexandre quem lançou a menina do prédio?", "O júri absolve o réu?", "O crime de esganadura foi praticada por meio cruel?", "A esganadura foi feita impossibilitando a defesa da vítima?", "Quando a vítima foi jogada do sexto andar, ela não teve defesa?".

No caso de Jatobá, algumas das questões abordadas foram: "A asfixia concorreu para a morte de Isabella?", "Ela apertou o pescoço de Isabella para asfixiar a menina?", "Ela concorreu, apoiou ou se omitiu para que Alexandre jogasse a menina da janela?", "O júri absolve a ré?".

Em seguida, o juiz abordou a acusação de fraude processual. Indagou os jurados se o pai e a madrasta de Isabella forma acusados de tentar modificar a cena do crime, lavando as manchas do sangue de Isabella no apartamento. Também aqui foi perguntado se houve um crime, se os réu causaram o crime e se eles são inocentes.

Jurados

Os sete jurados que definiram o futuro do casal Nardoni eram, em sua maioria, jovens. Quatro mulheres e três homens. O conselho de sentença foi composto por dois universitários e um eletricista, uma auxiliar de cobrança, uma técnica em vendas, uma publicitária e uma arquiteta.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.