Um casal paranaense foi preso acusado de cometer um dos crimes mais bárbaros e perversos da história da crônica policial de Santa Catarina. O sapateiro desempregado João Roberto de Matos, 37 anos, e a namorada dele, uma adolescente de 17 anos e grávida de oito meses, seqüestraram e assassinaram duas meninas na cidade de São João Batista, a 70 quilômetros da capital Florianópolis.
As irmãs Ana Carolina e Andréia Enoêmia da Silva, de 11 e 8 anos, respectivamente, foram tiradas de dentro da própria casa, na manhã de sexta-feira. Depois disso foram estupradas, torturadas e, por fim, estranguladas. Os corpos, cobertos de barro, madeira e folhas, foram encontrados às 2 horas da madrugada de domingo em um buraco às margens da SC-408, que dá acesso à cidade de Brusque.
Um bilhete de resgate, que exigia R$ 5 mil pelas meninas, foi a pista que levou à polícia até o casal, que era vizinho das meninas. A mãe das meninas, a sapateira Janete de Fátima da Silva, desconfiou de Matos, que foi preso no sábado. Na delegacia, os peritos pediram que ele escrevesse uma coisa qualquer em um papel e constataram que a letra era a mesma do bilhete. "Nos meus 40 anos de profissão, nunca tinha visto nada igual. Foi um crime cruel, uma barbaridade sem igual", disse o delegado Renato Hendges, da divisão Anti-seqüestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), que investigou o caso.
Na delegacia, Matos disse que ajudou a namorada a planejar o crime porque "tava acabando o dinheiro". Segundo ele, foi a namorada quem teve a idéia do seqüestro, do abuso sexual e do assassinato. "Ela falou: temos que matar as meninas porque elas estão falando que vão nos entregar", afirmou.
A adolescente de 17 anos recusou-se a dar detalhes do crime e tentou colocar a culpa no namorado, dizendo que a única coisa que fez "foi tirar as meninas da casa". Na quitinete em que ela morava, a polícia apreendeu cadernos e folhas em que ela conta experiências traumáticas que teria tido na infância.
A adolescente veio do Paraná há dois anos para cuidar de sobrinhos (filhos de Matos). Com o tempo, os dois se envolveram. Ele se separou da esposa, com quem tinha sete filhos, e passou a viver com ela. No depoimento, o sapateiro e a namorada disseram que queriam o resgate de R$ 5 mil para viajar para Laranjeiras do Sul (PR), de onde os dois vieram.
Matos e a adolescente irão responder a processo por seqüestro seguido de morte. Ele pode pegar de 24 a 30 anos de cadeia. Já a jovem, por ter menos de 18 anos, pode ficar internada por no máximo três anos.



