
O atendimento pelos telefones celulares do Projeto Povo (Policiamento Ostensivo Volante) de Curitiba segue precário. Ao telefonar para os novos números divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), a reportagem obteve o resultado prometido atendimento pelos policiais em viaturas nos bairros em apenas uma a cada quatro chamadas 25% do total. Dos 78 celulares, 35 atenderam, mas estavam em locais distintos aos estabelecidos pelo projeto. Outros 22 aparelhos, ou 28%, não atenderam. O objetivo do projeto é facilitar o acesso da população aos policiais que fazem a ronda nos bairros.
Apesar de os números mostrarem dificuldades no contato, há uma melhora em relação ao levantamento anterior realizado pela Gazeta do Povo, em março. Na época, dos 71 celulares do projeto divulgados no site da Sesp, apenas oito atenderam no carro da PM. As ligações foram feitas durante três dias úteis, entre as 19 e 20 horas.
Após a publicação da reportagem, a secretaria retirou os telefones do ar para atualização. Em entrevista concedida no mês passado, o coordenador do projeto, Aramis Linhares Serpa, atribuiu o problema ao modelo de aparelho usado, que seria muito antigo. Afirmou que faria uma licitação para a aquisição de novos aparelhos, que deveria ser concluída até o dia 22 de abril. Serpa não foi encontrado para comentar o novo levantamento.
Agora, constam 78 números referentes a bairros de Curitiba no site. Também estão publicados os telefones da região metropolitana da capital. Os telefones no interior do estado ainda não foram divulgados.
Ligação não foi completada
A Polícia Militar argumentou que as chamadas do primeiro levantamento foram realizadas em horário de alta demanda, o que teria prejudicado o atendimento. A nova checagem, realizada entre os dias 26 de março e 6 de abril em dias de semana, dividiu aleatoriamente os 78 telefones em dois grupos de 39: um para chamadas no início da tarde, horário considerado de baixa demanda, e outro no mesmo horário do estudo anterior.
Os dois grupos têm resultados praticamente iguais. Em cada um dos horários, 11 telefonemas não foram atendidos. Em alguns casos, o resultado é até pior no horário considerado mais calmo pela PM. No início da tarde, 8 telefonemas chamaram até cair; no "rush", foram 6.
Fora da área de cobertura
A reportagem perguntou aos policiais que atenderam as 56 chamadas de onde estavam falando. Em apenas 21 dos casos, o telefone estava em carros dentro do bairro onde se pressupõe que deveriam estar os policiais que se negaram a responder foram contados neste grupo.
Em 11 casos, os atendentes estavam nos carros, mas em bairros distintos aos que deveriam atender, segundo a relação oficial. Um policial que atendeu o telefone celular do Hauer estava no Uberaba. Minutos depois, uma nova ligação para o celular do Boqueirão foi atendida pela mesma pessoa. "É que não tem viatura para atender os bairros", justificou o policial, que ainda estava no Uberaba. O celular do Bom Retiro foi atendido por um policial que disse estar no Pilarzinho e que era responsável também pelos bairros São Francisco, Bom Retiro e Bigorrilho.
Este número não existe
O levantamento voltou a constatar que grande parte dos celulares é usada como telefone fixo nas companhias: 24 dos 78. O número é um pouco abaixo do levantamento anterior, quando 30 celulares foram achados nessa situação.
Nota emitida pela PM um dia depois da divulgação da primeira pesquisa afirmava que o fato de os celulares estarem sendo usados dentro das sedes não seria um erro. "As sedes regionais da Polícia Militar (companhias) estão estrategicamente localizadas em relação aos bairros que atendem." Serpa, no entanto, afirmou, na entrevista do dia 18 de março, que os telefones sempre devem ser usados no carro da polícia responsável pelo bairro.
Ontem, a Polícia Militar divulgou a seguinte nota: "O comandante do Policiamento da Capital (CPC), coronel Jorge Costa Filho esclarece que as informações envolvendo os celulares do Projeto Povo já chegaram ao comando da corporação. A partir de agora, será feito um levantamento pela Polícia Militar e, tão logo ele seja concluído, haverá um pronunciamento da PM".



