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Articulações

Células-tronco podem reconstruir a cartilagem

Uma alternativa às próteses de metal está chegando ao Brasil pelas mãos de um médico curitibano. O especialista em cirurgia de joelho Alcy Vilas Boas participou na Alemanha do desenvolvimento de uma nova técnica para o tratamento biológico das lesões de cartilagem, a partir da utilização de células-tronco.

A artroplastia de desbridamento e abrasão, também conhecida como bioprótese, reconstroi a cartilagem do local onde houve perda, provocada por lesão traumática ou degenerativa (artrose), por meio de uma artroscopia (cirurgia minimamente invasiva).

Durante a cirurgia, o tecido lesionado e cerca de 2 milímetros do osso, que ficou endurecido por causa do atrito, é removido. O local é desgastado até deixar exposto um osso sadio, e perfurado até a medular do osso. Esta ação causa um sangramento que faz brotar as células-tronco mesenquimais e forma um coágulo sobre a lesão, que se transforma em novas células de cartilagem.

Uma técnica ainda mais avançada é a retirada de células tronco da medula óssea. "Essas células são mais potentes. Fazemos uma punção da medula óssea, multiplicamos essas células em laboratório e as injetamos no joelho. As futuras gerações ainda poderão adquirir células-tronco do cordão umbilical", explica Vilas Boas.

A técnica, fruto de pesquisas desenvolvidas há cerca de 25 anos na Europa e nos Estados Unidos, também pode ser aplicada em outras articulações como ombro, tornozelo, quadril e coluna. A bioprótese é especialmente vantajosa para pessoas jovens que sofrem de artrose. "A prótese metálica tem vida útil curta, principalmente se a pessoa é muito ativa. Quando a cartilagem é reconstruída, não há essa preocupação."

O procedimento só não é indicado para pacientes quimioterápicos, com doenças metabólicas ou com artrite reumatoide.

Como todo o procedimento é realizado com apenas dois cortes de aproximadamente 0,5 centímetro cada, o risco de infecção e de trombose é menor. Como não há gastos com a fabricação da prótese (que custa em torno de R$ 9 mil), o preço da cirurgia também cai pela metade. "Estou desenvolvendo a técnica junto com o departamento de engenharia de tecidos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e em cerca de dois meses já estará disponível", conta o médico. (JK)

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