Os cerca de cem índios que ocupam prédio da Fundação Nacional de Saúde, no Centro de São Paulo, desde o início da tarde desta terça-feira (5) afirmam que só deixarão o local depois de conversar com representantes do órgão em Brasília. Os índios pedem, entre outras ações, a saída do coordenador da Funasa em São Paulo e melhorias nas aldeias. Alguns funcionários foram impedidos de deixar o edifício. Apesar disso, a ação é pacífica.
Até as 16h, pelo menos 30 pessoas ainda estariam dentro do prédio, localizado na Rua Bento Freitas. Apesar disso, os índios negam que os trabalhadores sejam reféns. "Eles não são reféns. Comeram e beberam", disse o cacique Darã, um dos representantes. "Enquanto uma autoridade de Brasília não vier para dar respaldo (ao movimento) não vamos arredar o pé daqui", completou ele.
Os índios querem que Raze Rezek, coordenador da Funasa em São Paulo, deixe o cargo. Eles acusam o funcionário de negligência. "Em três anos, ele nunca fez uma visita (às aldeias). Tem criança morrendo com água contaminada, faltam remédios, o saneamento básico é ruim", disse o cacique Awa, que veio de Ubatuba, no Litoral Norte, e é da tribo Tupi.
A Funasa é um órgão vinculado ao Ministério da Saúde e tem recursos previstos para políticas indígenas, como informou a assessoria de imprensa. Eles cuidam da saúde do índio. Procurada em Brasília, a Funasa informou que não havia previsão da viagem de nenhum representante até São Paulo nesta terça e que reuniões estavam ocorrendo dentro do prédio ocupado com as lideranças dos dois lados. Disse ainda que Raze Rezek estaria em viagem.
O cacique Awa contou que há tribos do Litoral Norte e outras vindo do Litoral Sul e Vale do Paraíba para participar da manifestação. Entre os índios, havia até mesmo um bebê de colo dentro do prédio. A auxiliar de escritório Cássia de Araújo, de 25 anos, estava na portaria e não podia sair à rua, apesar de não ter terminado o expediente.
"Acho que eles estão no direito deles de reivindicar, mas fazer essa ignorância não tem nada a ver", afirmou ela, referindo-se aos colegas de trabalho impedidos de deixar o local. Os índios afirmaram que ainda materiam no edifício chefes de seção para ajudar nas negociações.



