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injúria racial

Chamada de “haitiana”, funcionária diz ter sido pressionada a pedir demissão

Elza* foi perseguida no trabalho; gestora imitava macaco quando vítima passava | Antônio More/Gazeta do Povo
Elza* foi perseguida no trabalho; gestora imitava macaco quando vítima passava (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

As dificuldades de Elza* no ambiente de trabalho começaram pouco depois de ela ter sido contratada para integrar o serviço de higienização de um hospital particular, no bairro Batel, em Curitiba. Ela disse que, com menos de um mês de trabalho, ela foi pressionada pela gerente a pedir demissão, por causa da cor de sua pele. “Ela me disse que eu não me enquadrava, porque aquele era um hospital de alto padrão e eu tinha cara de quem trabalhava no SUS”, contou.

Após rejeitar pedir demissão, Elza* diz ter sido perseguida pelos superiores hierárquicos. Teria sido colocada para fazer serviços – como limpar o chão – que não faziam parte de suas atribuições e sofrido toda sorte de assédios morais. Foi nesta época que a gerente a seguiu, imitando macaco.

“Em outra vez, ela disse que eu pareço haitiana e que hospital não gosta de haitianos nem de pretos. Tanto que só contrata negros pra preencher uma cota. Foi a pior fase da minha vida”, relembra.

Volta por cima

Casada, mãe de seus filhos, Elza* retirou da família a força que necessitava para denunciar o caso à polícia. Saiu da empresa e hoje trabalha em outro hospital, onde é “avaliada pela competência, não pela cor” – como ela mesma diz. O acolhimento do Núcleo de Promoção de Igualdade Étnico-Racial do Ministério Público foi determinante para que ela se sentisse empoderada e começasse a dar a volta por cima.

“Aprendi que não se deve se calar nem se conformar com as agressões. O silêncio faz com que os casos se repitam. Eu não sei se as pessoas que fizeram isso comigo vão ser punidas, mas eu não vou ficar quieta”, disse.

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