As dificuldades de Elza* no ambiente de trabalho começaram pouco depois de ela ter sido contratada para integrar o serviço de higienização de um hospital particular, no bairro Batel, em Curitiba. Ela disse que, com menos de um mês de trabalho, ela foi pressionada pela gerente a pedir demissão, por causa da cor de sua pele. “Ela me disse que eu não me enquadrava, porque aquele era um hospital de alto padrão e eu tinha cara de quem trabalhava no SUS”, contou.
Após rejeitar pedir demissão, Elza* diz ter sido perseguida pelos superiores hierárquicos. Teria sido colocada para fazer serviços – como limpar o chão – que não faziam parte de suas atribuições e sofrido toda sorte de assédios morais. Foi nesta época que a gerente a seguiu, imitando macaco.
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Leia a matéria completa“Em outra vez, ela disse que eu pareço haitiana e que hospital não gosta de haitianos nem de pretos. Tanto que só contrata negros pra preencher uma cota. Foi a pior fase da minha vida”, relembra.
Volta por cima
Casada, mãe de seus filhos, Elza* retirou da família a força que necessitava para denunciar o caso à polícia. Saiu da empresa e hoje trabalha em outro hospital, onde é “avaliada pela competência, não pela cor” – como ela mesma diz. O acolhimento do Núcleo de Promoção de Igualdade Étnico-Racial do Ministério Público foi determinante para que ela se sentisse empoderada e começasse a dar a volta por cima.
“Aprendi que não se deve se calar nem se conformar com as agressões. O silêncio faz com que os casos se repitam. Eu não sei se as pessoas que fizeram isso comigo vão ser punidas, mas eu não vou ficar quieta”, disse.
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