
Maringá O medo de enfrentar um surto de dengue pior do que o deste ano está fazendo com que autoridades municipais de saúde planejem desde já o trabalho de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti para 2008. Novas ações já estão em discussão nas cidades que mais sofreram com a dengue este ano, como Maringá, Ubiratã e Foz do Iguaçu. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), o Paraná tinha até semana passada 41.683 notificações e 17.737 casos positivos de dengue. Oito pessoas morreram da doença no estado em 2007.
Maringá, líder no ranking em 2007 até sexta-feira eram 7.940 notificações e 3.308 casos positivos, contra 96 confirmações e 351 notificações em 2006 decidiu mudar a legislação municipal. Outro projeto foi votado na Câmara de Vereadores mês passado e está no gabinete do prefeito Sílvio Barros (sem partido). A nova lei complementar para a Lei 567/05 prevê multa (a ser estabelecida) aos moradores que não deixarem os agentes de saúde vistoriar os quintais ou não eliminarem focos da doença em suas propriedades. "Uma média de 30% dos locais visitados é encontrado fechado", justifica o secretário municipal de Saúde, Antônio Carlos Nardi. O secretário explica que tal situação também obriga os funcionários a fazer hora extra para passar novamente em outros horários, onerando o município. "Só uma casa com foco pode colocar todo o trabalho a perder porque o mosquito pode voar até 300 metros", alerta Nardi.
Caso o agente passe e não consiga entrar na casa, será deixada notificação para a pessoa entrar em contato com a Secretaria de Saúde em 48 horas para marcar a visita. Do contário, o proprietário do imóvel será multado. Outra mudança em Maringá é que sete funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) cedidos para a prefeitura tornam-se autoridades sanitárias, o que agiliza o processo das notificações e multas. Maringá tem 130 agentes ambientais e 12 agentes da Funasa que vistoriam os bairros diariamente. Cada um visita em média 30 casas ao dia.
Outras cidades
Em Ubiratã, na região Centro-Oeste, também há mobilização política e planejamento de ampliar as ações de combate. A Lei municipal 156/07 já está valendo e oficializa os trabalhos feitos pelo município como palestras, arrastões, entre outros. "Vamos fazer o Dia de Combate à dengue em novembro", revela a assessora da Secretaria de Saúde de Ubiratã, Luciana Sekine. O setor também planeja manter os 12 agentes de saúde, já que o serviço nos bairros era feito com oito agentes no começo do ano e ganhou reforço há quatro meses. A cidade tem 1.428 confirmações de dengue e 1.711 notificações, contra nenhum caso e apenas uma notificação ano passado.
Foz do Iguaçu também está apertando o cerco contra os que não cuidam de suas propriedades. Dos 2 mil termos de compromisso emitidos em dois meses pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), 500 foram encaminhados ao Departamento de Vigilância Sanitária do município. Moradores e proprietários de estabelecimentos comerciais que não mantêm os quintais limpos estão sendo autuados e terão de pagar multa ou responder criminalmente por expor a população a riscos de saúde. A estratégia é mais uma tentativa de frear os altos índices de casos de dengue na cidade que registrou até o dia 5 deste mês 1.787 casos positivos e 3.933 notificações, contra 223 confirmações e 891 notificações no ano passado.
A idéia, explica o coordenador do CCZ, o médico veterinário André de Souza Leandro, não se limita a intimidar as pessoas ou apenas multá-las. "Todos têm uma responsabilidade para cumprir. Muitos colaboram, mas infelizmente o esforço desta parcela é quase anulado pela outra metade que não ajuda." Leandro ressalta que a ameaça de uma epidemia só será afastada quando todos tiverem consciência do papel que devem exercer. Quanto aos imóveis e terrenos vazios, a dificuldade está em encontrar os proprietários.
A reportagem entrou em contato com a Sesa, mas não recebeu informações sobre o planejamento para 2008.



