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9 cidades não crescem como se esperava

Os dados da contagem de população são apenas preliminares – já que os recenseadores vão precisar voltar a campo até 12 de setembro para visitar casas que estavam fechadas – mas já são um indicativo de que algumas cidades não cresceram tanto quanto estava previsto. E dos 20 casos mais críticos, nove estão na região metropolitana de Curitiba (RMC).

O prefeito de Piraquara, Gabriel Samaha (PPS), acredita que administra um município com 103 mil pessoas e se recusa a aceitar que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontrou apenas 76,6 mil moradores. "Só o bairro de Guarituba tem 45 mil pessoas. Eu vou contestar isso", afirma. Também estão na lista: Campina Grande do Sul, Campo Magro, Fazenda Rio Grande, Almirante Tamandaré, Itaperuçu, Doutor Ulysses, Quatro Barras e Pinhais.

A redução no ritmo de crescimento afugenta a perspectiva de inchaço repentino e exacerbado das cidades da RMC. O presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), José Moraes Neto, faz questão de destacar que os dados da contagem ainda podem sofrer alterações, mas avalia que os números indicam que alguns municípios que na década de 90 apresentaram elevado crescimento populacional tiveram redução na taxa. E que cidades que estavam perdendo moradores reduziram a intensidade da queda.

"O resultado mostrado nestes dados preliminares é uma significativa queda na taxa de crescimento anual da população do Paraná entre 2000 e 2007 se comparado com a taxa da década de 1990, com a queda absoluta de 0,5%, passando de 1,4% para 0,9%", aponta. A contagem divulgada na sexta-feira pelo IBGE indica que o Paraná tem atualmente 10,1 milhões de habitantes.

A cidade paranaense de Diamante do Oeste tem 4.944 habitantes. Com a divulgação da contagem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na sexta-feira, consagrou-se na posição de número 103 no ranking das menores populações do estado. Consagrou-se, sim, porque pelas contas anteriores do mesmo Instituto ela era a 3.ª menor. De casa em casa, os recenseadores mostraram que o número de moradores é três vezes maior do que registrava o IBGE. A prova da diferença, de 200%, entre a estimativa de habitantes e a contagem efetiva era a redenção que o prefeito Faustino Magalhães (PT) esperava.

Diamante do Oeste sequer está na lista das cidades que diminuíram nos últimos 11 anos. E esse rol tem mais da metade dos municípios do Paraná, de acordo com os dados preliminares da contagem populacional de 2007. Isso porque conseguiu reverter um processo que estava a ponto de riscá-la do mapa. Diamante do Oeste foi uma das cidades que mais perdeu paranaenses para os estados do Mato Grosso e Rondônia, nas décadas de 70 e 80, quando a abertura de uma nova frente agrícola acabou esvaziando o Oeste do Paraná.

Magalhães conta que o município chegou a ter 15 mil habitantes e se viu reduzido a menos de um terço. Para o prefeito, a mecanização agrícola e ampliação das pastagens, além da debandada para o Norte, também dificultaram a permanência dos moradores na cidade. "Já teve menos gente do que tem hoje, mas conseguimos nos recuperar porque os pequenos produtores estão conseguindo se manter", acredita. Agora Magalhães espera deixar de sofrer os efeitos da estimativa que apontava a cidade com 1.644 habitantes. É que boa parte dos recursos enviados pelos governos estadual e federal é estipulado de acordo com a população residente. "Estou aliviado. Ano que vem o repasse vai aumentar e se não vai chegar ao ideal, pelo menos será de acordo com a realidade", pondera.

Estimativas e projeções são elaboradas com base em dados de censos e contagens anteriores. Os levantamentos in loco indicam as tendências de migração, nascimentos, mortes e fecundidade que servem de fórmula para se calcular – mesmo sem fazer a contagem um a um – quantos são os moradores de um determinado município. Se uma localidade perde ou ganha muitos habitantes entre um censo e outro, a variação brusca pode distorcer o resultado e indicar uma estimativa demográfica muito distante da realidade.

Foi o que ocorreu com Diamante do Oeste e também com Nova Tebas, na Região Central do Paraná. A cidade perdeu 42% da população nos últimos 11 anos. É como se 6 mil moradores tivessem ido embora. Mas pela estimativa do IBGE estava prestes a sumir. "Não é bem isso", comenta o prefeito Djalma Ferreira de Aguiar (PT). Ao invés dos 3.481 habitantes que constavam na estimativa demográfica, os recenseadores encontraram 8.221. A diferença de 136% tem impacto direto nas contas municipais. Os recursos para o setor de saúde, por exemplo, são enviados pelo governo federal com base numa fórmula per capita. A estimativa de população também é utilizada em convênios e financiamentos e acaba reduzindo o valor que deveria ser liberado para o município.

Em 61 cidades do estado, a contagem divulgada na sexta-feira pelo IBGE demonstrou que a população era pelo menos 10% maior do que a estimada. Mas em 31 cidades, a variação entre a realidade constatada pelos recenseadores e a estimativa foi quase certeira (inferior a 1%, para mais ou para menos). Doutor em Demografia pela Universidade de Campinas (Unicamp), o professor Ricardo Rippel diz que não é possível fixar uma margem de erro aceitável porque cada caso envolve uma série de fatores econômicos e sociais que podem distorcer o resultado da estimativa.

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